Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
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No. 89 (2004: 3)
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Identidade Paulista e Música
450 ANOS DE SÃO PAULO
COLÓQUIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS INTERCULTURAIS
ACADEMIA BRASIL-EUROPA
Almoço de congraçamento
14 de março de 2004
O dia de abertura do Colóquio Internacional de Estudos Interculturais
pelos 450 anos de São Paulo foi marcado por um almoço de boas
vindas dos participantes antes da sessão inaugural do mesmo. O
almoço teve lugar em tradicional restaurante paulista, o restaurante
São Paulo. A escolha do local teve como objetivo dirigir a atenção,
- de modo informal mas sensibilizador para os participantes de
fora - a questões da música popular nas suas relações com a identidade
paulista e paulistana. Durante o almoço assistiu-se a uma apresentação
do tradicional conjunto Os Demônios da Garoa.
O papel da música na identidade de bairros foi sugerido como questão digna de ser tratada através de algumas das peças apresentadas. Por outro lado, considerou-se a questão da transformação de identidades, da historicidade de imagens urbanas e de suas expressões musicais.
Se a música exerce função tão significativa na atração dos ouvintes para determinados grupos, levando à participação em expressões de cunho identificador e contribuindo, assim, à integração, então deve-se levantar a questão se expressões do passado não oferecem apenas a oportunidade para congraçamento com um espectro já histórico do complexo da identidade cultural.
A historicidade da imagem urbana e da identificação de seus habitantes
faz com que o retrato mental da cidade se modifique com o decorrer
dos tempos.
No caso de São Paulo, a imagem manifestada pelos choros, sambas
e outros gêneros populares de décadas passadas do século XX não
foi certamente aquela do século XVI e de outros séculos de São
Paulo colonial. Também não o do São Paulo oitocentista, marcada
pela vida estudantil da Faculdade de Direito, nem o do São Paulo
monumental e europeu da passagem do século.
Uma questão a ser tratada seria se dentro da processualidade da
formação e transformação de identidades e suas imagens haveria
alguma fase que apresentasse uma certa duração maior ou que se
cristalizasse como particularmente caracterizadora. Poder-se-ia
falar assim de uma característica paulista ou de paulistanismo
na cultura musical?
Que o patrimônio cultural de uma cidade não inclui apenas monumentos,
edifícios emblemáticos e seus entornos é questão praticamente
fora de dúvida. Deveria porém incluir apenas determinados conjuntos
de expressões que por algumas gerações tornaram-se característicos
e carregados de forte potencial de nostalgia? Não haveria o perigo
de se não considerar no repertório patrimonial expressões que
já não apresentam potenciais emotivos resultantes da memória de
determinados grupos? Não seria o caso de se considerar muito mais
o aspecto processual de desenvolvimentos na discussão dos bens
patrimoniais?