Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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No. 85 (2003: 5)
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CARIMBÓ IN VIGIA, PARÁ
[Zusammenfassender Bericht]
Luís Fernando de Andrade
Carimbó na Vigia, Pará Luís Fernando de Andrade Este projeto de pesquisa de Carimbó em Vigia, no Estado do Pará,
foi iniciado há vários anos e desenvolvido com a colaboração de
vários pesquisadores da cultura e da música. O Carimbó apresenta
fundamentalmente os mesmos passos do Xaxado do Nordeste. O esquema
da sucessão dos passos foi estudado e analisado, de modo que foi
possível constatar a analogia entre as duas danças. Entretanto,
possuem características próprias que as diferenciam. O Xaxado parece ser definido sobretudo por uma posição dirigida
para a frente, enquando que no Carimbó o principal significado
reside no girar. No Xaxado é possível que se volte ao ponto inicial,
e o circular não é fato tão salientado, pois a graça da dança
reside no movimento de ir e vir. No Carimbó, os pés mudam de direção
a cada passo, traçando figuras de círculos e serpenteios no chão.
A atenção dos observadores é atraída sobretudo para as cinturas
das mulheres e para os braços semi-abertos dos homens. Eles imitam
pássaros no ato do acasalamento. Os braços curvados sugerem asas
semi-abertas e os olhos fixam a parceira em atitude de provocação
e expectativa. O Xaxado acentua a leveza dos passos e a elegância
dos dansarinos, o Carimbó imita com os mesmos passos o namoro
dos pássaros, quando a fêmea se deixa fascinar pela atitude do
macho. Até hoje tem-se visto no Carimbó um elemento cultural de
influência africana, pois os pés tocam constantemente o chão.
Deve-se lembrar, porém, que também as danças indígenas podem ser
de cunho imitativo e que também nelas os pés apenas se levantam
levemente do chão. O balanço do corpo, a sensualidade e os gestos
não parecem sugerir, entretanto, uma expressão cultural de origem
indígena. Nos textos surgem nomes de animais e situações que demonstram
uma forma de vida muito próxima à fauna, flora, terra e água de
uma ambiente ainda dominado pela força da natureza. Como elemento de festas, o Carimbó é praticado à frente das casas.
Categorias sociais não parecem desempenhar papel especial. O importante
é sobretudo o desejo de reunir muitas pessoas para cantar e dançar.
Em geral, acontece à tarde, após o trabalho, quando a temperatura
já está mais agradável. O Carimbó pode também ser realizado em
ocasiões especiais, por exemplo no âmbito da festa do Círio de
Nazaré, que em Vigia é celebrada em setembro. Não se pode prever se o Carimbó na região do Salgado terá futuro
ou não. Pode-se, porém, com certeza, afirmar que se ele desaparecer,
os habitantes locais perderão uma forma importante de expressão
de sua identidade cultural. Ele é um dos principais meios de compensação
para as dificuldades da vida, que é caracterizada pela pobreza
e pelas perspectivas restritas de realização pessoal. Essas danças
são realizadas por pessoas cujas profissões são estreitamente
vinculadas com a Natureza. Esse elo com o meio ambiente se manifesta
também na medicina regional. O Carimbó pertence a esse contexto.
Com a perda de um de seus elementos, o todo certamente sofrerá.
O conjunto musical do Carimbó se coloca próximo a um muro ou a
uma parede. No centro ficam os instrumentos, em geral banjo, viola,
flauta e percussão. O início é feito com a chamada para o Carimbó.
A participação é aberta a todos, adultos ou crianças. Os espectadores
formam uma espécie de muro protetor dos participantes na dança.
Aumentando o número, afastam-se, dando maior espaço para a movimentação. Um bom dançarino é aquele que, com os seus gestos e movimentos,
bem se comunica com o parceiro na representação simbólica do acasalamento
de pássaros. Não há trajes típicos, a não ser em grupos que atuam
comercialmente para fins turísticos. As mulheres, entretanto,
costumam vestir roupas justas, que salientam as cinturas, fato
necessário no simbolismo da dança. Os homens vestem calças largas.
Dieses Forschungsprojekt über den Carimbó in Vigia im Staat Pará
wurde in Zusammenarbeit mehrerer Kultur- und Musikforscher vor
Jahren in Gang gesetzt. Der Carimbo hat dieselben Grundschritte
wie der Xaxado des Nordostens. Das Schema der Schrittfolge wurde
erarbeitet und analysiert, so daß die Analogie beider Tänze festgestellt
werden konnte. Dennoch haben beide Tänze Eigenarten, die sie voneinander
unterscheiden. Der Xaxado scheint sich mehr durch eine nach vorne
gerichtete Gesamthaltung zu definieren, während beim Carimbó eher
das Drehen der Tänzer von Bedeutung ist, die ununterbrochen kreisen.
Im Xaxado ist es möglich, zum Anfangspunkt zurückzukehren, und
die Runden werden nicht so sehr hervorgehoben, da die Anmut des
Tanzes eher in einer Hin- und Herbewegung liegt. Im Carimbó ändern
die Füße die Richtung bei jedem Schritt, um Kreise und Schlangenfiguren
auf dem Boden auszuführen. Die Aufmerksamkeit der Zuschauer wird
jedoch auf die Bewegung der Hüften der Tänzerinnen und auf die
halbgeöffneten Arme der Tänzer gerichtet. Sie ahmen nämlich Vögel
bei der Paarung nach. Die gebogenen Arme deuten auf die halbgeöffneten
Flügel hin, und die Augen fixieren die der Partnerinnen in einer
Haltung von Provokation und Erwartung. Der Xaxado betont die Leichtigkeit
der Schritte und die Eleganz der Tänzer, der Carimbó imitiert
mit den gleichen Schritten das Liebeswerben der Vögel, wenn das
Männchen balzt und das Weibchen sich verführen läßt. Bisher wurde
beim Carimbó als ein Element afrikanischer Herkunft angesehen,
daß die Füße stets den Boden berühren. Es ist jedoch daran zu
erinnern, daß die indigenen Tänze, wenn sie nicht religiös sind,
auch imitativer Natur sind und dabei die Füße nur leicht vom Boden
abheben. Das Wiegen des Körpers, die Sinnlichkeit u.a. Gesten
deuten allerdings nicht auf indigene Ausdrucksweisen hin. In den
Texten erscheinen Namen von Tieren und werden Situationen mythischer
Art dargestellt, was eine Lebensweise suggeriert, die mit Fauna,
Flora, Erde, Wasser und klimatischen Gegebenheiten eng verbunden
ist.
Als ein Element von Festen wird der Carimbó in den Vorhöfen von
Häusern getanzt. Dabei spielen soziale Kategorien keine besondere
Rolle. Wichtig ist vor allem, viele Menschen zu versammeln, zu
singen und zu tanzen. Es gibt keine feste Stunde für das Tanzen.
In der Regel erfolgt es am Nachmittag nach der Arbeit, wenn auch
die Temperatur etwas milder geworden ist. Der Carimbó kann auch
zu bestimmten Festanlässen realisiert werden, so z.B. bei der
Feier des Círio de Nazaré inm September in Vigia oder im Monat
Oktober in Belém von Pará.
Es ist nicht möglich vorauszusagen, ob der Carimbó in der Salgado-Region
Zukunft hat oder nicht. Man kann aber mit Sicherheit sagen, daß
- wenn er verschwindet - die dortigen Menschen einen gravierenden
Verlust in den Darstellungsweisen ihrer sozialen und kulturanthropologischen
Identitätsmechanismen erleiden werden. Er ist auch eines der wichtigsten
Kompensationsmittel für die Schwierigkeiten des Lebens, das von
Armut und von einer eingschränkten Perspektive menschlicher Selbstverwirklichung
gekennzeichnet ist. Diese Tänze werden von Menschen gepflegt,
die Berufe ausüben, die eng mit der Natur verbunden sind: Krabbensammler
oder Sammler sonstiger Nahrungsmittel in den Mangroven. Diese
Verbundenheit mit der Natur zeigt sich auch in der Heilmedizin
der Region. Der Carimbó gehört zu einem Kontext, in den er zutiefst
verwoben ist. Wenn von diesem Komplex ein Element herausgenommen
wird, dann wird die Funktion des Ganzen in Mitleidenschaft gezogen.
Das Musikensemble stellt sich beim Carimbó an eine Mauer oder
eine Hauswand. In der Mitte stehen die Instrumente, nämlich in
der Regel Banjo, Viola, Flöte und Schlagzeug. Der Anfang des Spiels
ist zugleich Aufruf zum Carimbó. Die Teilnahme ist für alle offen,
Erwachsene oder Kinder. Die Zuschauer schließen um die Tänzer
eine Art schützende Wand. Bei wachsender Zahl von Tänzern entfernen
sich die Zuschauer, damit mehr Raum für die freie Entfaltung gegeben
ist.
Ein guter Tänzer ist derjenige, der durch seine Gesten und Bewegungen
mit dem Partner in der symbolischen Darstellung der Vogelpaarung
gut kommuniziert. Durch Flexibilität der Körper werden das Fliegen
bzw. die Flügelbewegungen angedeutet. Es gibt dabei keine typischen
Trachten, außer bei den Gruppen, die zu touristischen Zwecken
kommerziell auftreten. Die Frauen pflegen jedoch Kleider zu tragen,
die die Hüften betonen, was auch für die Symbolik des Tanzes nötig
ist. Die Männer tragen weit geschnittene Hemden. Die Gliederung
der Melodien wird durch kleine Phrasen gewährleistet, die die
Anpassung von kurzen Vierzeilern und Dysticha an sie ermöglichen.
Die melodische Gestaltung versucht entweder eine musikalische
Spirale oder wellenartige Bewegungen nachzuahmen. Es ist auch
daran zu erinnern, daß die ganze Umwelt der Region von Wasser
gekennzeichnet ist; das Wasser beherrscht Leben und Arbeit, und
zu bestimmten Jahreszeiten stehen die Häuser regelrecht im Wasser
oder Schlamm.
Viele Städte nehmen für sich in Anspruch, Herkunftsort des Carimbó
zu sein. Heute spricht man vom Carimbó aus Vigia, aus Marapari
usw., d.h. der Tanz ist eng mit einer lokalen Identität verbunden.
Der Carimbó wird weit über die Grenzen des Staates hinaus gepflegt.
Es erscheint in den Grenzgebieten von Oiapoque bis zum Acre. In
der Gemeinde Vigia wird allerdings sehr auf die Autorenschaft
der Musik geachtet. Der Komponist wird immer erwähnt. In Macapá
erscheint der gleiche Tanz unter der Bezeichnung Batuque. Bei
den Karipuna- und Galibi-Marwono-Indianern wird die Bezeichnung
Carimbó beibehalten, und er zeigt dieselben Charakteristika wie
in Pará, wenn auch im Text indianische Merkmale zu verzeichnen
ist, wie das näher analysierte Beispiel zeigt.
[Aus der Tonaufnahme des Vortrags]
Musik, Projekte und Perspektiven. A.A. Bispo u. H. Hülskath (Hgg.).
In: Anais de Ciência Musical - Akademie Brasil-Europa für Kultur-
und Wissenschaftswissenschaft. Köln: I.S.M.P.S. e.V., 2003.
(376 páginas/Seiten, só em alemão/nur auf deutsch)
ISBN 3-934520-03-0
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