Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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N° 68 (2000: 6)
Congresso Internacional Brasil-Europa 500 Anos MÚSICA E VISÕES Evento especial integrado/ Integrierte Sonderveranstaltung IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL Maria Laach, 5 de setembro de 1999 Institut für hymnologische und musikethnologische Studien e.V.
Internationaler Kongreß Brasil-Europa 500 Jahre
MUSIK UND VISIONEN
"MÚSICA SACRA E CULTURA BRASILEIRA"
MÚSICA E VISÕES DO PONTO DE VISTA DA ESPIRITUALIDADE
MUSIK UND VISIONEN AUS GEISTIGER SICHT
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL Prezado Dr. Antonio Alexandre Bispo, Considerando Atenciosamente
Dom Raymundo Damasceno Assis,
Secretário-Geral da CNBB
que nos eventos anteriores realizados na Europa e no Brasil sempre
houve representantes da CNBB;
que o assunto a ser tratado no Congresso interessa de maneira
especial à Igreja do Brasil;
informamos que participará do Congresso o Pe. Osmar Augusto Bezutte,
salesiano de D. Bosco, assessor da CNBB para a Música Sacra. Ele
irá com recursos do próprio setor de Música, no esforço de redistribuição
do seu orçamento, privilegiando esse evento internacional.
Agradecemos antecipadamente tudo o que for feito para que ele
seja bem recebido e possa tirar proveito deste Congresso para
o bem da Igreja no Brasil.Dom Raymundo Damasceno Assis
Osmar Augusto Bezutte, SDB
Im Namen der Brasilianischen Bischofskonferenz (CNBB) grüße ich
Sie sehr herzlich. Ich möchte ihnen nur ein Bild über die Situation
des Gesanges und der liturgischen Musik in den Kirchen Brasiliens
sowie über die Visionen der Kommission für Kirchenmusik der Bischofskonferenz
Brasiliens übermitteln. Seit der Konstitution "Sacrosanctum Concilium"
des II. Vatikanums hat sich durch die liturgische Reform die Situation
der Kirchenmusik in Brasilien grundlegend verändert. Das Schlüsselwort
lautet seitdem "Teilnahme". Dafür war es nötig, Gesänge in der
Volkssprache zu schaffen. Ein erfolgreicher Versuch waren zunächst
die Reihe "Volk Gottes" und die Veröffentlichungen der Kommission
für Kirchenmusik der Erzdiözese von Rio de Janeiro mit deren "Pastoralen
Karten". Es folgten mehrere nationale Tagungen zum pastoralen
und liturgischen Gesang, und allmählich trugen auch die Komponisten
zur Erweiterung des Repertoires in der Volkssprache bei. Es entstanden
auch thematische Messkompositionen: Messe der Freundschaft, Messe
der Freude, Missionarische Messe usw. Die Bischofskonferenz machte
sich allmählich Sorge um die Qualität dieser wachsenden Produktion.
So erschien 1976 das Dokument "Pastoral der liturgischen Musik
Brasiliens", das theologische, liturgische und pastorale Grundlagen
und Orientierungen bietet. In diesem Jahr 1999 wurde dieses Dokument
aktualisiert und neu verlegt. Der Text beinhaltet: Vision der
Realität; Positives und Negatives im beschrittenen Weg; Gesang
aus dem Leben; die Liturgie und das Ostermysterium als Mittelpunkt;
die dienende Rolle des Gesanges in einer dienenden Kirche; die
Beachtung der verschiedenen Werte der Gesänge entsprechend der
Instruktion Musicam Sacram vom 1967; praktische Anleitungen zur
Auswahl und zum Vortrag der Gesänge. Die Bischofskonferenz bemühte
sich auch, ein konkretes Beispiel zu geben, und legte ein liturgisches
Hymnarium in vier Bänden vor. Dies stellt den Versuch dar, an
das alte Antiphonarium und Graduale mit Texten in portugiesischer
Sprache anzuknüpfen. Es ist ein Versuch durchzusetzen, daß die
Liturgie selbst gesungen wird und es nicht nur Gesänge in der
Liturgie gibt. Eine besondere Sorge der Bischofskonferenz gilt
der Inkulturation. Sie fördert Tagungen und Versuche, speziell
was Gesänge mit afrikanischer Prägung angeht. Dazu trägt auch
die Nationale Vereinigung der Liturgiewissenschaftler (ASLI) bei.
Auch hinsichtlich der indigenen Völker sind Versuche im Gange,
wie z.B. bei den Salesianern in den Missionen von Mato Grosso,
die inkulturierte Formen der Sakramentenspendung und der Meßfeier
für die wichtigsten Feiern des Jahres entwickeln. Wir sind uns
allerdings auch dessen bewußt, daß vielfältige und schwierige
Herausforderungen für die Kirchenmusik in der Gegenwart Brasiliens
bestehen.
Uma cordial saudação a todos e a todas aqui presentes em nome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Estou aqui, não como doutor, mestre ou especialista, como vários dos senhores e senhoras, mas apenas como participante do Congresso na qualidade de assessor da Conferência para a música sacra, convidado para dar uma visão de como está atualmente o canto e a música litúrgica em nosso país.
É sugestivo falar de música sacra no Brasil a partir da experiência vivida hoje na abadia beneditina de Maria Laach. Aqui, pela manhã, durante a celebração eucarística, pudemos respirar um pouco da nossa tradição musical, cantando em gregoriano as partes fixas da Missa. O gregoriano foi uma linguagem musical importante que a Igreja adotou para sua comunicação com Deus. Esta linguagem chegou até nós, no Brasil, nestes 500 anos de evangelização, permanecendo até às vésperas do Concílio Vaticano II.
Com a chegada do Concílio, o gregoriano estava quase restrito às abadias, às catedrais,às casas religiosas e seminários, como também a grupos específicos. O povo, em sua maioria, o desconhecia e já não participava das liturgias, reduzido a mero expectador e assistente das funções sagradas. Era normal, como até hoje persiste, o costume de se dizer: "Vamos assistir à Missa"
A Constituição conciliar sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium, deixa claro que a reforma litúrgica deveria acontecer para que o povo pudesse entendê-la e dela participar. A palavra chave foi: participação.
Assim, aos poucos foram surgindo no país as músicas em vernáculo. Uma ótima experiência foi a Série "Povo de Deus" e as publicações da Comissão Arquidiocesana de Música Sacra do Rio de Janeiro nas "Fichas Pastorais". Eram melodias bonitas e orantes. Encontros nacionais de canto pastoral e litúrgico foram acontecendo, onde compositores e compositoras começaram a enriquecer o repertório nacional. Missas temáticas foram surgindo: Missa da alegria, da amizade, da Bíblia, missionária, de Nossa Senhora
Com a proliferação de cantos, a CNBB se preocupou com a qualidade
e oportunidade dos mesmos, lançando, em 1976, o documento nº 7
"Pastoral da Música Litúrgica no Brasil" (livro azul), dando os
fundamentos teológicos, litúrgicos do canto como também ótimas
orientações pastorais. Neste ano de 1999, este documento foi atualizado,
sendo publicado na coleção "estudos da CNBB" (livro verde).1 A
intenção é de que ele provoque realmente o estudo nas bases e
possa ser enriquecido ainda mais com novas contribuições. Este
texto traz:
- visão da realidade: pontos positivos e negativos da caminhada;
- o canto que brota da vida;
- a preocupação com a centralidade da Liturgia: cantar o Mistério
Pascal;
- a função ministerial do canto, dentro de uma igreja toda ministerial,
salientando o papel do presidente da celebração, do animador do
canto, dos instrumentistas, do coral e seu regente, do salmista,
etc.
- a valorização dos graus de importância dos cantos, conforme
a Instrução Musicam Sacram de 1967;
- orientações práticas para a escolha dos diversos cantos dentro
da celebração como também sobre sua execução.
A CNBB ainda se preocupou em dar o exemplo concreto. Através do
seu Setor de Música, publicou o HINÁRIO LITÚRGICO em quatro fascículos:
1º - para Advento e Natal;
2º - para a Quaresma e Páscoa;
3º - para o Tempo Comum;
4º - para os Santos, Maria, Sacramentos e outras necessidades.
É uma proposta concreta de resgate do antigo Antifonário e Gradual romanos, com suas músicas inspiradas no gregoriano, traduzidas para o português em forma poética, métrica e orante. Para facilitar a aprendizagem do povo, o 3º fascículo, por exemplo, traz as antífonas de Entrada e Comunhão, como também as Aclamações ao Evangelho para os diversos domingos subsequentes, sempre com a mesma melodia. Muda a letra mas não muda a música!
Infelizmente, o Hinário Litúrgico não é suficientemente conhecido e muitas vezes não é valorizado, porque exige uma nova maneira de se cantar, i. é, cantar a Liturgia, rompendo com a rotina mais fácil das comunidades de se cantar cantos na Liturgia. Preferem-se, muitas vezes, os cantos porque são bonitos, ritmados, alegres, ou porque mexem com a emoção e o íntimo das pessoas ou porque provocam a dança, o gesto...A referência litúrgica continua em segundo plano.
Mas, há comunidades, paróquias e dioceses que se preocupam com a nova proposta. "A tomada de consciência do ministério da música, por parte dos músicos e cantores, tem feito crescer a responsabilidade na preparação e execução das celebrações litúrgicas. Enfim, cada vez mais, as comunidades vão tomando consciência do valor do canto como parte integrante da liturgia, como fator de participação ativa e frutuosa, e como espaço para o exercício da criatividade".
Uma especial preocupação da CNBB é a inculturação.
Ela, através da sua Linha 4 (Liturgia), tem promovido e acompanhado encontros e experiências, sobretudo com grupos afros. A Associação Nacional de Liturgistas (ASLI) tem colaborado neste sentido também. Em alguns lugares do país já acontecem as celebrações com símbolos, gestos, vestes e cantos inculturados. Inclusive, se pensa num "Cancioneiro afro", com músicas e letras inculturadas para as diversas celebrações.
Quanto aos povos indígenas, trago a experiência que conheço. Nas missões de S. Marcos, Meruri e Sangradouro, no Estado de Mato Grosso, com as tribos xavante e bororo, os missionários salesianos já fazem a experiência da inculturação na administração dos sacramentos (Batismo, Crisma e Eucaristia), como também na celebração das festas mais importantes do Ano Litúrgico (Natal e Páscoa). Conheci ultimamente também o trabalho de Marlui Miranda, cantora e compositora brasileira. Ela gravou dois CDs: o primeiro com músicas e cantos indígenas e o segundo com a Missa Kewere (Rezar), com versos em tupi de Pe. José de Anchieta e melodias quase todas adaptadas de cantos dos índios Aruá, Tupari e Uruba-Kaapor.
Tentei apresentar uma visão rápida e sintética de nossa caminhada. Naturalmente, é uma visão imperfeita ainda, não abrangendo toda a realidade. O país é como um grande continente pluricultural, do qual a própria música é sua expressão. Não temos tempo e nem condições, no momento, de aprofundá-la, sobretudo no seu aspecto religioso e litúrgico.
No entanto, temos consciência de muitos DESAFIOS para o canto
litúrgico quanto.
1. à própria inculturação, ainda iniciante e incipiente para as
necessidades do país;
2. ao conhecimento, divulgação e aceitação da proposta do Hinário
Litúrgico;
3. à conciliação, em muitos lugares, entre o coral, ou grupo de
cantores e bandas e a participação do povo no canto. Às vezes,
este se torna um mero ouvinte e expectador, diante do "show" de
uma ou várias pessoas;
4. à "invasão" das músicas próprias de grupos ou movimentos de
espiritualidade, desligadas da ação e do tempo litúrgicos, não
sintonizados com os textos bíblicos de cada celebração, carentes
de inspiração bíblica, litúrgica e da própria vida;
5. às "missas temáticas" para os "meses temáticos" (mês de Maria,
mês das vocações, mês da Bíblia...);
6. às celebrações ocasionais, como bodas, casamentos, missa de
15 anos, missa de 7º dia, formatura, etc.
Oxalá o novo texto de estudos da CNBB possa nos ajudar ainda mais a cantar "a" Liturgia e contribuir para fazer de nossa vida um louvor a Deus!
"Cantem a vossa glória, Senhor,
os nossos lábios,
cantem nossos corações e nossa vida;
e já que é vosso dom tudo o que somos,
para vós se oriente o nosso viver"
(Liturgia das Horas, III, p. 884)
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