Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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N° 18 (1992: 4)
Conceitos de natureza etnicista e nacionalista nas reflexões referentes à educação musical popular, - distintas daqueles que acompanharam esforços de origem verdadeiramente comunitária de melhoria do ensino e do cultivo do canto dentro de vivenciada continuidade -, caracterizaram iniciativas de cunho erudito e de intuitos dirigistas que procuraram usar das tradições para a consecução de ideais político-culturais. Tal dissociação dos motivos intrínsecos das práticas tradicionais da música e dança, na sua maioria de fundo religioso, colocou em questão o sentido e a própria finalidade do canto e da música. Na tentativa de superar-se a vinculação da música com a religião, cumpria desenvolver uma nova teoria de origens, que se impusesse pela autoridade da ciência e determinasse uma visão causal-analítica da cultura musical.
Pela passagem do século, a Europa viveu uma fase crítica na luta entre cientistas e pensadores religiosos, também no terreno da cultura. Essa luta foi, em parte, uma decorrência do Darwinismo e da respectiva crítica de uma visão teleológica da vida, inerente ao princípio da seleção. Na Europa Central, do Darwinismo desenvolveu-se ampla ideologia ateísta, sobretudo através do "Monismo" de E. Haeckel (1834-1919). Tais idéias não deixaram de influenciar a reflexão musical, mesmo em Portugal, como o exemplifica o livro Uma Concepção Evolucionista da Música: As canções de F. Schubert, de Alfredo Bensaude, escrita com incentivos do compositor Alexandre Rey Colaço (Lisboa: Livraria Classica Editora de A. M. Teixeira & C., 1905,9-25). O autor coloca, de princípio, a pergunta,- que até hoje constitui a preocupação básica de determinados antropólogos -, "Porque canta o homem?". Para respondê-la, tece considerações sobre plantas e animais, relacionando fenômenos biológicos e comportamentais com manifestações culturais de "civilizações rudimentares". Fazendo uma ponte para a cultura tradicional portuguesa, analisa sobretudo danças e músicas dos Açores, reduzindo-as à finalidade de seleção amorosa e procriação. Aspecto central de suas reflexões é a demonstração de que a música não teria origem religiosa, mas sim sexual.
"Porque canta o homem?
Para responder a esta pergunta teremos evidentemente de sahir
do campo restricto da arte musical.
Quando se procura a significação de phenomenos relativos á vida
do homem culto, é corrente ir estudal-os em sociedades de civilisação
mais rudimentar, onde esses phenomenos se nos apresentam sob um
aspecto menos complexo e mais comprehensivel. Outras vezes desce-se
á vida dos animaes e das plantas, á procura da explicação desejada;
pois como as leis biologicas comprehendem toda a natureza viva,
as conclusões por analogia são legitimas.
A côr de muitas flores provoca em nós uma sensação esthetica e
attrahe, como é sabido, muitos insectos; o seu nectar, que ás
vezes é grato ao nosso paladar, é egualmente apreciado por certos
insectos, que o buscam avidamente.
O mesmo acontece com os perfumes, pelos quaes, tanto o homem como
o animal, podem ter preferencia accentuada.
O canto das aves suscita em nós emoções agradaveis e produz-lhes
incontestavelmente uma forte impressão. E, assim, algumas manifestações
da natureza viva, susceptiveis de causar-nos emoções agradaveis
e estheticas, exercem simultaneamente sobre certos animaes uma
influencia poderosa que lhes é egualmente agradavel.
Para mais facilmente abordarmos o problema do canto e da musica
em geral, estudemos préviamente, fóra da natureza humana, a significação
de alguns d'esses phenomenos que em nós despertam taes emoções.
A flor é a manifestação da vida vegetal que mais frequentemente
nos impressiona de um modo esthetico; ella é geralmente constituida,
como todos sabem, pelos seguintes elementos: o ovario, que contém
as sementes no estado embryonario, os estames carregados de pollen
e o pistillo provido ordinariamente de uma superficie viscosa.
A sua parte exclusivamente esthetica costuma ser a serie de petalas
dispostas em redor dos estames e do pistillo.
O papel do elemento esthetico é attrahir certos insectos, que,
pelo contacto, acarreiam o pollen dos estames de umas flores para
o pistillo de outras; desde este momento toda a funcção essencial
da corolla termina, as sementes começam a desenvolver-se, as petalas
murcham e cahem.
O apparelho esthetico serviu, pois, para garantir a descendencia
da planta. Sem sementes não haveria plantas novas, sem corolla
não teria havido sementes.
Outras flores, em vez da côr e da fórma, teem principalmente o
attractivo do aroma, que leva os insectos a pousar n'ellas; outras
ainda trazem uma gotta de mel no fundo do calix, como incentivo
ao insecto que as vier fructificar.
Entre os animaes encontram-se alguns que se enfeitam periodicamente
com adornos estheticos, e aqui a significação d'estes é ainda
a mesma.
O pavão só tem na primavera a enorme cauda variegada, que expande
como um leque para seduzir o par pela sua surprehendente belleza.
Passada a epocha dos amores, desapparecem as plumagens supplementares.
Um antigo director do jardim zoologico de Vienna, descreve um
facto cuja interpretação não póde deixar duvidas no nosso espirito.(C.
Darwin, Origine des Espèces, 1887, Paris, ed. Reinwald). Um faisão
prateado, que tinha vencido todos os concorrentes, era o chefe
incontestado do bando, até que um dia se lhe estragaram as pennas
ornamentaes da cauda; n'esse momento viu-se immediatamente substituido
por um rival, que passou a ser o preferido das femeas do bando.
Outras aves cantam; e é de notar que essas teem geralmente apparencia
mais singella. É principalmente o canto a manifestação esthetica
que lhes serve de arma na lucta pela vida da especie. Geralmente
as pennas decorativas encontram-se nas aves que não cantam; o
canto mais perfeito, nas que teem aspecto mais modesto.
A ave que melhor canta tem evidentemente mais probabilidade de
descendencia do que a da mesma especie, mas de canto inferior;
assim como as mais lindamente emplumadas a teem, com relação ás
suas concorrentes menos bellas.
A planta dá flores, porque sem ellas não daria sementes; o pavão
tem pennas ornamentaes, porque sem ellas seria preterido pela
femea; e o rouxinol que não cantasse não encontraria companheira
para o seu ninho. O naturalista Bechstein, que estudou passaros
durante toda a vida, observou que a canaria escolhe sempre para
noivo o canario que melhor canta.
Vejamos agora se a faculdade de cantar no homem é susceptivel
de uma interpretação semelhante.
No selvagem, assim como em alguns irracionaes, o modo de expressão
de emoções poderosas tem uma certa analogia. (H. Spencer, Essais
de morale, et. I, traduc. de Burdeau, Paris). Um cão, habitualmente
amarrado, manifesta o desejo de que o libertem, ladrando com entonação
especial e pulando em torno da corrente que o prende. Uma vez
solto, manifesta a sua gratidão, ladrando e pulando rythmicamente
em volta de quem o soltou. A alegria ao receber a comida, ao ir
para a caça, etc., exprime-a tambem ladrando e saltando. Traduz,
pois, um numero variado de sentimentos por latidos mais ou menos
diversos, acompanhados de pulos que, no auge do enthusiasmo, alternam
com voltas completas sobre si mesmo.
Observa-se o mesmo processo nos selvagens actuaes que acompanham
os seus cantos de pulos e voltas, para traduzir o sentimento do
enthusiasmo depois da victoria, ou o do luto pela morte de um
chefe, etc.
Surprehende-se aqui, na sua fórma mais primitiva, a dança, o canto
e a palavra, os tres elementos que só n'uma phrase de certa civilisação
se separam em tres ramos independentes: dança, musica e linguagem
fallada.
O rei David canta e dança perante a arca santa; os tres elementos
estavam ainda reunidos. Entre os gregos existem cantos só para
o poeta, acompanhados, porém, por um côro que dança e canta.
Muitos minnesingers ou trovadores da edade média são ainda poetas
e cantores conjunctamente, mas já não bailam. A dança foi o primeiro
elemento que se separou do canto e da palavra, as duas modalidades
da expressão vocal.
No nosso povo, por exemplo, a dança, a poesia (palavra) e o canto
permanecem unidos nos bailados populares, emquanto que nas classes
cultas o bailado se desligou por completo da poesia e da musica.
Uma crescente complicação tornou necessario separal-as; já se
não póde cantar, dançando.
Ainda assim, a separação completa dos tres elementos constitutivos
do unico modo primitivo d'expressão, nem mesmo nas classes cultas
está perfeitamente realisada. A nossa linguagem é inexpressiva
e ás vezes ambigua, sem a entonação, que é uma especie de canto
discreto. Uma palavra, uma phrase até, podem ter significações
diversas, segundo a entonação com que são ditas.
O accionado é evidentemente o ultimo vestigio dos movimentos rythmicos
da dança instinctiva. Creanças emocionadas ou contentes fallam
saltitando, exageram o accionado e as modulações da voz; e assim
tambem os homens das classes pouco cultas. Evidentemente creanças
e homens do povo estão mais proximos do estado primitivo dos selvagens
de quem descendemos e, portanto, mais longe da phase de maior
independencia d'aquelles tres elementos.
É necessario não perder de vista que a dança, o canto e a palavra,
nas suas mais remotas origens, devem ter sido de uma grande singelleza.
As danças seriam, como algumas do actual povo das aldeias, muitas
vezes apenas um marcar de passo cadenciado ou uma successão rythmica
de pulos e voltas.
O elemento fallado, se avaliarmos pelas linguas mais simples dos
selvagens actuaes, deve ter sido constituido predominantemente
por gritos ou interjeições, que exprimiam uma ideia completa.
As linguas cultas possuem muitissimos termos e permittem fallar
com toda a precisão imaginavel; mas esses milhares de palavras
derivam de um limitado numero de raizes que constituiam as linguas
primitivas.
A dança, o canto e a linguagem fallada, muito simples e provavelmente
muito semelhantes na infancia dos povos, foram modificando-se
em virtude das causas mais ou menos obscuras que determinaram
as differenciações ethnicas.
Esses tres modos de expressão, inseparaveis primitivamente, teem
a sua origem commum n'uma phase pre-racional do homem.
Ha quem pretenda filiar o canto e a dança no sentimento religioso,
o que não parece logico. A ideia religiosa, por mais rudimentar
que seja, é o resultado de um processo intellectual complicado,
pois uma religião é uma explicação da natureza referida ao homem,
emquanto que o sentimento do amor, derivado da tendencia instinctiva
para garantir a continuidade da especie, é evidentemente anterior
á razão, por ser tambem commum aos irracionaes.
É, portanto, provavel que a linguagem primitiva, feita de dança,
de canto e de palavras rudimentares, servisse originalmente para
exprimir estados de alma mais antigos do que o sentimento religioso,
como são, por exemplo: o amor, a raiva, a alegria, etc.
Por analogia com certas aves, poderiamos concluir que a faculdade
de cantar é tambem no homem um meio essencial para a transmissão
de emoções e suggestões amorosas.
A interpretação das seguintes correlações physiologicas confirma
indubitavelmente esta conclusão:
1) A voz humana só attinge a sua maior sonoridade e brilho na
edade adulta, atrophiando-se com o terminar da faculdade de procreacão
mesmo antes da velhice.
2) A castração no homem impede o desenvolvimento da voz.
3) A precocidade sexual anormal, mesmo em creancinhas muito novas,
coincide com o timbre e diapasão de voz semelhantes aos dos adultos.(Marro
- La puberté)
4) As cantoras, como sabem todos os directores de theatro, tornam-se
áphonas em determinados dias do mez.
5) Abusos sexuaes conduzem á ruina da sonoridade vocal.
6) Certos desvios do utero podem produzir aphonia completa, até
que por intervenção medica esse orgão recupere a sua posição normal,
cessando então a aphonia.
Vêmos, pois, que a posse de uma voz de sonoridade e timbre normaes
é, em geral, indicio da faculdade de propagação da especie; inversamente
a falta de sonoridade e de timbre normaes podem significar ausencia
d'essa faculdade.
Na mulher adulta a voz perde o brilho, até durante os curtos periodos
em que ella não póde conceber.
Esta dependencia leva logicamente a reconhecer uma analogia entre
a funcção da sonoridade da voz e a da corolla da flor ou a das
pennas decorativas supplementares das aves, etc.
No homem a sonoridade vocal é, portanto, tambem um chamariz esthetico
para facilitar indirectamente a continuidade da especie, provocando
a approximação dos dois sexos, e, como todas as manifestações
d'essa natureza, é susceptivel de aperfeiçoamentos pela selecção.
A differença entre a corolla da flor e o canto humano está toda
na sua importancia relativa. A falta de sonoridade vocal no homem
póde ser supprida por outra qualidade natural ou adquirida, como
a belleza plastica ou a cultura intellectual, emquanto que na
planta que dá flores com petalas, a corolla constitue o unico
meio indirecto de garantir a fructificação da semente.
A expressão vocal de emoções amorosas veio associar-se a traducção
de outros estados de alma. No emtanto, ainda hoje os cantos de
amor são muito mais numerosos do que os de qualquer outra natureza.
No povo, em que a vida instinctiva é mais accentuada do que nas
classes cultas, póde ainda surprehender-se o canto e a dança,
de mistura com o improviso poetico, com a sua primitiva significação
physiologica, nos bailados populares dos Açores, por exemplo:
Um homem, tocando n'uma viola com cordas d'arame um acompanhamento
muito rythmico e singello, começa por andar cadenciadamente em
redor da sala. Raparigas e rapazes vão-se aggregando e cantando
successivamente a principio quadras já conhecidas; mas pouco a
pouco a animação augmenta e na força do enthusiasmo principiam
os improvisos poeticos. O bailado transforma-se gradualmente n'uma
lucta dançada e cantada, entre rapazes e raparigas que se cortejam.
D'estes desafios sahem frequentemente os matrimonios. E não se
baila nem se canta d'este modo depois do casamento: quem tal fizesse
seria tido por falto de seriedade.
Encontram-se casos absolutamente analogos entre certos animaes.
O 'tratao phasianellus', um gallinaceo das florestas da America,
reune-se em grande numero de individuos, na epocha da approximação
dos sexos, em sitios planos de tres a quatro metros de diamentro.
N'estas reuniões as aves dispõem-se em circulo e meneiam-se, ora
para a direita, ora para a esquerda, tomando attitudes extravagantes
e desusadas. Os caçadores chamam a estas reuniões 'a dança das
perdizes'.
N'este caso falta, é certo, o correspondente ao canto humano,
mas todos conhecem um exemplo ainda melhor: O canto especial do
pombo e da pomba, acompanhado de evoluções, contumelias e voltas
completas, que são uma fórma de dança e de canto e conduzem tambem
a casamentos. Ás vezes mette-se o ciume de permeio e a lucta dos
rivaes póde terminar de modo menos esthetico: Entre as aves, muitas
vezes ás bicadas; entre homens, á paulada, e entre mulheres, aos
arranhões.
Uma boa parte dos disturbios das pacatas aldeias açorianas, são
devidos a desintelligencias nascidas na lucta, cantada e bailada,
pelo amor.
Nas sociedades cultas, a faculdade de expressão melodica deixa
de ter a importancia que possue n'uma sociedade menos culta e
mais instinctiva. Num meio em que o luxo, por exemplo, se tornou
uma necessidade, a riqueza ou um talento especial para a conquistar
são geralmente melhores armas de selecção, do que o saber exprimir
sentimentos por melodias. Esta ultima faculdade atrophia-se em
favor de outros dotes naturaes ou desenvolvidos pela cultura.
O desenvolvimento de uma qualidade favoravel n'um certo meio traz
comsigo, como compensação de economia, a attenuação d'outra qualidade
que se tornou menos essencial, e que, no nosso caso, é a faculdade
de cantar.
É em virtude d'este mesmo principio, que as flores de muita côr
teem quasi sempre pouco aroma; as rosas seleccionadas, no intuito
de produzir flores muito grandes e dobradas, teem menos perfume
do que as rosas singellas de que descendem. A rosa de Grasse,
cultivada para a extracção da essencia, é pequena, quasi simples
e pouco vistosa.
No povo das aldeias, onde a influencia da civilisação ainda não
modificou profundamente as condições naturaes da seleccão, ha
uma espontaneidade melodica muito maior do que nas sociedades
mais cultas; canta-se bem ou mal, mas canta-se instinctivamente,
e é por isso que as melodias, caracteristicamente nacionaes, sahem
do povo.
As classes cultas conservam apenas a faculdade passiva de sentir
a musica, mas falta-lhes a espontaneidade do povo das aldeias.
A sua actividade musical limita-se geralmente á reproducção de
composições alheias.
Ainda assim, seria errado pensar que nas classes superiores a
poesia, a dança e a musica, ainda que separadas em tres artes
independentes, tenham perdido por completo a significação primitiva
que lhe attribuimos. A poesia lyrica é para muitos, mesmo sem
talento poetico, uma especie de sarampo litterario, que se cura
geralmente com o casamento; a paixão pela dança esfria ordinariamente
logo depois de casar, e quanto á musica, lembra-me de ter ouvido
a um professor eminente, que não gosta de ensinar ás suas discipulas
preferidas a sonata 'Ao luar' de Beethoven, porque, em a tocando
bem, casam geralmente e abandonam a musica. É evidente que alguma
verdade póde haver n'esta observação, dita a gracejar. É correntissimo,
com effeito, encontrar pessoas que abandonam o canto e a musica
depois de casar, evidentemente porque para ellas conservam a significação
primitiva de chamariz esthetico. Deixaram de cultivar a musica
depois do casamento, pela mesma razão porque a rosa se desfolha
e o pavão perde a cauda depois da epocha dos amores.
No emtanto, muitas pessoas cultivam a musica com evidente desinteresse,
sem a preoccupação consciente ou inconsciente do applauso do outro
sexo; representam n'esse caso uma ultima phase da evolução em
que o instincto musical se desnaturou, deixando de ser um meio
instinctivo, para se transformar n'um fim - fazem arte pela arte.
- Esta ultima transformação tambem não é privativa da natureza
humana. O canario e outras aves cantam muitas vezes só pelo prazer
de se ouvirem.
Resumindo, póde, pois, dizer-se:
A faculdade de cantar é no homem um elemento de selecção, analogo
nas suas funcções a certos adornos dos animaes, ao canto das aves,
etc.
O canto é o desenvolvimento de uma das partes de um modo de expressão
commum aos animaes, e que entre os homens se desdobrou em canto,
dança e linguagem falada."
(A.A.B.)