Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006
nova edição by ISMPS e.V.
Todos os direitos reservados
»»» impressum -------------- »»» índice geral -------------- »»» www.brasil-europa.eu
N° 16 (1992: 2)
1822-1992: 170 anos da Independência do Brasil: Música nas relações
culturais - Mundo de língua alemã/Mundo de língua portuguesa Estudos de publicações alemãs críticas e depreciativas sobre o
Brasil. Propaganda anti-imigratória.
"MINHA EXPERIÊNCIA COMO EMIGRANTE NO CENTRO E SUL DO BRASIL"
OTTO GNEIST (1925)
MEINE ERLEBNISE ALS AUSWANDERER IN MITTEL- UND SÜDBRASILIEN
(Magdeburg 1925)
(Excertos)
Rubens Borba de Moraes Carl Seidler, Dez anos no Brasil. São Paulo: Martins,1951 (Zehn
Jahre in Brasilien, Quedlinburg/Leipzig, 1835)
"Entre os livros estrangeiros sôbre o nosso país existem alguns
que foram escritos mais com o intuito de atacar e desmoralizar
que criticar imparcialmente o Brasil. Muitos já foram traduzidos
e publicados e não deixaram de provocar, como é compreensível,
uma certa reação da parte do grande público nem sempre possuidor
de serenidaade e espírito crítico suficiente para ouvir uma opinião
maldosa, analisá-la e destruí-la com argumentos sérios e desapaixonados.
O próprio do homem superior, isento de complexo de inferioridade,
é ouvir a crítica, mesmo infundada, sem se alterar."
A Magdeburger Kolonisten-Union entendia-se como uma sociedade
que desejava congregar todos aqueles que pretendiam emigrar ou
já tivessem emigrado mas que continuassem ligados com o país natal
centro-alemão, assim como todos os alemães que quisessem manter
contactos com parentes no Exterior ou que, retornando de estadia
em outros países, desejassem transmitir experiências ganhas a
outros interessados. Em conjunto com essa união, o Schallehn'schen
Wirtschafts-Archiv publicou uma série de cadernos informativos,
dos quais o primeiro foi o do eletricista Otto Gneist sobre o
Brasil Central e do Sul e o segundo do assistente de administração
de empresas Willy Kunert sobre o Norte do Brasil.
Este último caderno já alcançara uma edição de 5000 exemplares sob o título "A Morte nos Trópicos do Brasil" [Der Tod in den Tropen Brasiliens] e desejava esclarecer seriamente a juventude alemã e a todos os interessados sobre os perigos da emigração. Também o livro de Gneist é um relato de sua decepcionante e trágica experiência no Brasil e termina com graves advertências. Os interessados na emigração não poderiam contar com a ajuda de seus compatriotas no Exterior, deveriam evitar a todo o custo o Rio de Janeiro e outras cidades portuárias: "O melhor é mesmo que Você não se desespere e fique na sua pátria enquanto tiver um pedaço de pão para comer. Sem dinheiro suficiente é uma loucura emigrar! Com a sua instável economia na atualidade, o Brasil só pode ser considerado como terra de emigração para agricultores. Até mesmo famílias de sangue alemão, que já vivem há gerações no Sul do Brasil, abandonam o país!"
Gneist, op.cit. 7
Nessa obra destinada a desmotivar interessados, as parcas notícias
relativas à música servem sobretudo para acentuar a dramaticidade
do texto e ilustrar o ambivalente estado de espírito dos emigrantes.
Muitos deles executavam instrumentos musicais, pois até mesmo
puderam formar uma orquestra de bordo: "Sempre reinou uma agitada
vida de bordo. Tinha-se formado uma orquestra, que dava concertos
diários; dançava-se [...]".72 Durante a estadia em Funchal, o
autor teve ocasião de observar o gosto dos madeirenses por música
de cavaquinho.73
Stets herrschte reges Leben an Bord. Eine Kapelle hatte sich gebildet,
welche täglich konzertierte; es wurde getanzt, Gesellschaftsspiele
wurden gespielt u.a.m.