Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006
nova edição by ISMPS e.V.
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N° 13 (1991: 5)
"Nenhuma despesa, - e foi imenso o sacrifício de muitos, - mais
realmente generosa e profícua do que essa aquisição, que enriquece,
além da Basílica (que passou, por isso, a ter interesse turístico),
o Brasil inteiro. Esse instrumento tem a duração de séculos, quando
devidamente cuidado, quando não reduzido ao mofado e criminoso
mutismo que tem inutilizado, aqui no Rio, vários e caros instrumentos.(...)
O instrumento foi abençoado pelo Sr. Arcebispo D.Jaime Cardeal
Câmara, vigilante guardião da música sacra no Brasil (na sua notável
Quarta Pastoral). O Sr. Ministro da Educação e Cultura paraninfou
o ato inaugural, confirmando-o mediante judiciosa e erudita lição
sobre a música sacra e sua função cultural e religiosa, pronunciada
com autoridade serena." Em 1987, o instrumento foi re-inaugurado. Nesse ano, Calimério
Soares, Professor do Departamento de Música da Universidade Federal
de Uberlândia investigou o estado do instrumento.
Em 1956, Andrade Muricy publicou no Jornal do Comércio (18 de
abril) artigo referente à inauguração do órgão da Basílica de
N.Sra. Auxiliadora de Niterói. Esse artigo foi republicado sob
o título O Novo Órgão da Basílica de N. Sra. Auxiliadora, de Niterói:
Grandes Músicas em Santa Rosa na Revista Musica Sacra. (Petrópolis
XVI, maio-junho e 1956, 76-78) O autor salientou no seu relato
a ação idealística dos Salesianos e o significado do instrumento
para a cidade e o Brasil:
Prof. Calimério Soares
Universidade Federal de Uberlândia
Introdução
Foi pelos idos de 1959/60 que tivemos em mãos - publicado num dos Suplementos de Domingo do jornal O Correio da Manhã, do Rio de Janeiro - um artigo intitulado Esquecido em Niterói o Quinto órgão do Mundo, de autoria de Guimarães Nato.
O artigo causou-nos grande admiração, pois, jamais havíamos imaginado que existisse no Brasil instrumento de tão grande porte.
Desde então, acalentávamos em nosso espírito o desejo de visitar
Niterói com a finalidade de conhecer de perto aquele fabuloso
instrumento. Entretanto, os anos foram passando e nunca conseguíamos
oportunizar a realização daquele intento.
Mas, 1986 foi o ano decisivo.
Através de conhecidos, conseguimos entrar em contato com o Sr. Nemo Augusto Carvalho que, na ocasião, estava desenvolvendo os trabalhos de restauração do grande órgão. Iniciamos então uma correspondência amistosa que se transformou num veículo de recíproca admiração pelos trabalhos que desenvolvíamos sobre o "Rei dos Instrumentos". Mais tarde, um convite se formalizou para que visitássemos Niterói e o gigantesco órgão.
Ali chegando, em janeiro de 1987, pudemos visitar e apreciar de perto os trabalhos de restauração que se desenvolviam sob a orientação do ilustre amigo, o Sr. Nemo Augusto Carvalho.
A Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora
Situada ao lado do Colégio Salesiano, à rua Santa Rosa, teve a
sua primeira pedra lançada em 15 de dezembro de 1901. Este grandioso
Santuário, em estilo eclético (mourisco, manuelino e neo-gótico),
foi inaugurado a 14 de julho de 1933.
A majestosa nave - contornada por altas colunas de fustes canelados
e encimadas por capitéis coríntios - sustentam imensas abóbadas
em ogiva.
No transepto central, as fachadas dos dois órgãos menores ladeiam o altar-mor.
Sobre o altar-mor, ergue-se a grande cúpula que deixa penetrar suave luminosidade em tom azul, banhando com delicadeza todo o conjunto.
Do balcão semi-circular do grande coro, a fachada do Grande Órgão domina a imensa nave.
Em toda a sua brancura interior, recebe cores de várias tonalidades, advindas da luz solar através dos lindos vitrais.
É um grandioso Santuário, belíssimo em sua simplicidade e singeleza...Um verdadeiro convite à oração.
O órgão
Instrumento de procedência italiana, foi fabricado nas oficinas da Pontificia Fabrica d'Organi Tamburini, de Crema, segundo um projeto elaborado pelo brilhante organista Fernando Germani. O órgão foi instalado na Basílica por técnicos da mesma fábrica, em 1956. Dividido em três corpos, possui duas consolas de tração eletro-pneumática e 11.130 tubos sonoros. A consola maior ou principal possui cinco teclados manuais e pedaleira radial-côncava que comanda todo o instrumento. A consola menor possui dois teclados manuais e pedaleira radial-côncava a qual comanda apenas o órgão Coral. Os três corpos assim estão distribuidos na grande nave da Basílica: o Grande órgão que com sua fachada domina toda a extensão do grande coro, situado acima das portadas principais de acesso ao templo; o órgão Coral ocupa a tribuna do lado do Evangelho e o órgão de Éco, situado na tribuna da Epístola, corresponde ao quinto teclado da consola principal, através do qual é acionado.
Fornecida por três retificadores, a corrente elétrica produz 140 Amp. que, canalizados por meio de 32 mil contatos através de outros tantos circuitos formados por 55 mil metros de fios para as várias ligações, vão fazer funcionar os 2.894 eletromagnetos que provocam a abertura das válvulas. O ar produzido por 4 eletroventiladores, com uma potência complexiva de 9 H.P. é distribuido em 24 foles que fornecem ar, com tantas outras pressões (que vão desde os 0.004 aos 0.006 de atmosfera) aos 12 someiros principais e aos 18 secundários, por meio de 250 metros de canais. Nos someiros estão colocados 11.130 tubos sonoros dos mais variados tamanhos, que vão desde o pequenino de 22 cm de comprimento ao maior com 10 metros.
Fachadas
Constituidas por um corpo principal e dois secundários, apresentam-se
na seguinte disposição:
a) Fachada do órgão Coral, que se encontra instalado na tribuna
do lado do Evangelho, possui 55 tubos dispostos em forma de mitra;
b) Fachada do órgão Éco, que se encontra instalado na tribuna
oposta,ou seja, do lado da Epístola, possui 51 tubos dispostos
na mesma conformação da do órgão Coral;
c) Fachada do Grande Órgão que domina todo o grande coro da Basílica,
possui 133 tubos dispostos em forma de grandes e pequenas mitras,
preenchendo com 72 tubos os dois nichos laterais, coroando com
61 tubos toda a parte central. O conjunto todo é um magnífico
espetáculo arquitetônico que complementa a serena e majestosa
nave da Basílica.
Consolas
As duas consolas são: 1) A menor, que comanda o órgão Coral; 2) A maior ou principal, que comanda todo o instrumento.
1) A consola menor, situada na tribuna sob o órgão Coral, possui dois teclados manuais de 61 teclas cada, na extensão de Do a Do e pedaleira côncava-radial de 32 teclas, na extensão de Do a Sol. A disposição dos registros é feita em sentido horizontal por sobre os teclados, constituída por plaquetas. Sob os teclados manuais estão os botões que comandam os diversos acoplamentos para as combinações livres. Sobre a pedaleira estão os pedais de expressão, ladeados por pedaletes também responsáveis pelo acoplamento das combinações livres e fixas. No costado esquerdo dos teclados manuais, encontra-se o transpositor para 1/2 tom e tom acima e abaixo, recurso apropriado à sua principal finalidade que é a de acompanhamento.
Recursos Sonoros
a) Esquema geral de disposição
JOGOS DE FUNDO
MUTAÇÕES LINGÜETAS
I Manual: Principale
Dulciana
Flauto
Ottava 8'
8'
8'
4' Ripieno 5 F.
Tromba 8'
II Manual: Bordone
Viola Dolce
Flauto armonnico
Tremolo 8'
8'
8'
Nazardo 2 2/3
Viola Celeste 3 F. Oboé 8'
Pedal: Contrabasso
Subbasso
Basso
Bordone
Flauto 16'
16'
8'
8'
4'
UNIÕES: I-P, II-P, Sopra I-P, Sopra II-P, Unione Tastiere, Grave
I, Grave II-I, Sopra I, Sopra II-I, Grave II, Sopra II.
PEDALETES I-P, II-P, Unione Tastiere, Combinações Livres, Ripieno,
Fondi, F-I, Tutti.
PEDAIS DE EXPRESSÃO Aumentativo (Crescendo)
Expressivo
TRANSPOSITOR Para 1/2 tom e tom acima,
Para 1/2 tom e tom abaixo.
BOTÕES II Manual - A - 1 -2 -3 -4 -Cl - LG
I Manual - PP- A -1 -2 - 3 -4- 5- CL - Tutti - Ripieno - OS- OG
b) Resumo
Total de registros - 17
Total de registros de fundo - 12
Total de registros de mutação - 03
Registros de 16' - 02
Registros de 8' - 10
Registros de 4' - 02
Registros de 2 2/3 - 01
Registros de 5 F. - 01
Registros de 3 F. - 01
c) Observações
Tratando-se de um instrumento para acompanhamento, o órgão Coral
também pode ser comandado da consola maior ou principal. Assim
sendo, incrementa com isso todo o conjunto do Grande Órgão quando
executado da consola principal, possibilitando maiores condições
de estereofonia, o que irá enriquecer quaisquer interpretações
musicais, principalmente, de peças do repertório romântico, neo-romântico
e contemporâneo. Este instrumento pode ser também usado pelos
organistas durante seus horários de estudos.
2) A consola maior ou principal possui cinco teclados manuais de 61 teclas cada, na extensão de Do a Do e pedaleira côncava-radial de 32 teclas, na extensão de Do a Sol. Encontram-se nos costados esquerdo, direito e central (acima do quinto teclado) 211 plaquetas que comandam os registros, acoplando ou anulando estes ou aqueles registros, botões sob os teclados pelos quais várias combinações livres podem ser preparadas pelo executante. Acima da pedaleira encontram-se cinco pedais de expressão sendo quatro os que acionam as caixas expressivas correspondentes aos I, III, IV e V manuais, mais o pedal aumentativo ou crescendo. Do lado esquerdo desses pedais de expressão, encontram-se 14 pedaletes responsáveis pelas combinações livres correspondentes aos botões dos teclados manuais, assim como, do lado direito estão mais 7 pedaletes, dos quais 4 correspondem aos anuladores e 3 às combinações fixas de Fondi, Ance e Tutti.
Recursos sonoros
a) Esquema geral de disposição:
JOGOS DE FUNDO Mutações Lingüetas
I Manual: Principale 8' Nazardo 2 2/3 Tromba Dolce 8'
(Positivo)
Flauto 8' Tierce 1 1/5 Cromorno 8'
Cor de Nuit 8'
Viola Dolce 8'
Fugara 4'
Spitzflöte 4'
Flagioletto 2'
Flauto Celeste 8'
Cornetto Combinato
Sesquialtera Combinato
Tremolo
Sopra
Grave
I Manual: Principale 8' Ripieno 5F. Tromba 8'
(Coral) Flauto 8' Nazardo 2 2/3 Oboe 8'
Dulciana 8' Voce Celeste 3F.
Ottava 4'
Bordone 8'
Viola Dolce 8'
Flauto armonico 4'
Tremolo
II Manual: Diapason 16' Decima Seconda 2 2/3 Corno da Caccia 8'
(Grande Órgão)
Diapason I 8' Tromba 16'
Diapason II 8' Decima Settima 1 1/3 Tromba 8'
Principale Dolce 8' Ripieno 5F. Clarone 4'
Flauto armonico 8' Fourniture 4F.
Ottava Diapason 4' Cimbali 3F.
Ottava Dolce 4'
Flauto Camino 4'
Doublette 2'
Gran Cornetto Combinato
Gran Jeux Combinato
III Manual Bordone 16' Flauto in XII 2 2/3 Waldhorn 16'
(Recitativo)
Principale Geiger 8' Plein Jeu 5F. Tromba armonica 8'
Eufonio 8' Oboe 8'
Flauto Traverso 8'
Viola da Gamba 8'
Ottava 4'
Flauto armonico 4'
Silvestre 2'
Voce Celeste 8'
Tremolo
Campane
Smorzando Campane
Sordino Campane
Arpa
IV Manual: Principale 16' Decima Seconda 2 2/3 Tuba 8'
(Solo) Principale Stentor 8' Gran Ripieno 11F. Bassetto 8'
Tibia 8' Viola Celeste 5F. Tuba 4'
Flauto Orchestra 8' Tuba Magna 8'
Ottava Diapason 4' Tuba Clarion 4'
Diapason Maior 8'
V Manual: Bordone 16' Nazardo 2 2/3 Krumhorn 8'
(Eco)
Principalino 8' Armonia Eterea 3F. Corno Inglese 8'
Clarabella 8'
Salicionale 8'
Voce Eterea 8'
Ottava 4'
Flauto d'Amore 4'
Eolina 4'
Silvestre 2'
Voce Angelica 8'
Unda Maris 8'
Campane
Arpa
Tremolo
Pedal: Acustico 32' Quinta 10 2/3 Contro Bombarda 32'
(Geral) Principale Doppio 16' Quinta 5 2/3 Bombarda 16'
Diapason 16' Nazardo 2 2/3 Tromba 16'
Contrabasso 16' Tromba in 5 2/3 Waldhorn 16'
Quinta
Contrabasso
Contrabasso Violon 16' Bombardino 8'
Subbasso 16' Tromba 8'
Bordone 16' Tromba Squillo 8'
Armonica 16' Clarone 4'
Ottava 8'
Basso 8'
Bordone 8'
Armonica 8'
Violoncello 8'
Ottava Forte 4'
Ottava 4'
Flauto 4'
Violino 4'
Armonica 4'
Tremolo
Campane
Pedal: Bordone 16'
(Éco) Bordone 8'
Dolce 8'
Flauto 4'
Pedal: Contrabasso 16'
(Coral)
Subbasso 16'
Basso 8'
Bordone 8'
Flauto 4'
UNIÕES: Ao Pedal - I-P, II-P, III-P, IV-P, V-P
Efeitos: Sopra I-P, II-P, III-P, IV-P, V-P
Ao I Manual - III-I, IV-I, V-I
Efeitos: Grave IV-I, III-I, I
Sopra I, III-I, IV-I
Ao II Manual -I-II, III-II, IV-II, V-II
Efeitos: Grave IV-II, III-II
I-II,II
Ao III Manual -IV-III, V-III
Efeitos: Grave IV-III, III
Sopra III, IV-III
Ao IV Manual -II-IV, V-IV
Efeitos: Grave II-IV, IV
Sopra IV, II-IV
Ao V Manual -Efeitos: Grave
Sopra
Anuladores: (Plaquetas e Pedaletes)
Anullatore unissono: 1 para cada teclado.
Anullatori:
Ance I, II, III, IV, V
Ance Pedale
Ance Corale
Bombarda 32'
Ripieno II Pedalete: Ripieno II
Cimbalo II
Ripieno III Ripieno III
Ripieno IV Ripieno IV
Ripieno Corale Gran Ripieno
Mutazione
Gran Quinta Pedale
Ottave Sopra
Ottave Gravi
Fixadores: Botões e Pedaletes/ Manuais correspondentes.
Pedais de Expressão:
I Manual (Positivo e Coral)
III Manual (Recitativo)
IV Manual (Solo)
V Manual (Éco)
Aumentativo (Crescendo)
Pedaletes: Fondi - Ance- Tutti
b) Resumo
Total de Registros -124
Total de Registros de Fundo - 76
Total de Registros de Lingüeta - 26
Total de Registros de Mutação - 22
Registros de 32' - 02
Registros de 16' - 19
Registros de 8' - 54
Registros de 4' - 24
Registros de 2' - 04
Registros de 1 1/3 - 01
Registros de 1 1/5 - 01
Registros de 2 2/3 - 07
Registros de 5 1/3 - 01
Registros de 5 2/3 - 01
Registros de 10 2/3 - 01
Registros de 3 Fileiras - 03
Registros de 4 Fileiras - 01
Registros de 5 Fileiras - 04
Registros de 11 Fileiras - 01
c) Observações
Pela riqueza de registros que possui, pela facilidade de manejo
de que dispõe através de seus mais diversos recursos eletro-mecânicos,
este gigantesco órgão está apto a dar cobertura a toda a literatura
musical escrita para o instrumento. Trata-se de um órgão sinfônico,
de um instrumento completo. O organista pode com ele executar
obras de Byrd, Gibbons, Farnaby, assim como de Frescobaldi, Cabezón,
além de Franck, Max Reger, dos mestres da chamada "Escola Francesa"
como Widor, Vierne, Dupré, Saint-Martin, Messiaen e outros.
Tendo sido projetado pelo consagrado organista italiano Fernando Germani, o instrumento apresenta aspectos de semelhança com outros grandes órgãos de fabricação francesa, inglesa e americana dos últimos 60 anos. Observamos nele a influência do grande "facteur d'orgues" Aristide Cavaillé-Coll na disposição dos cinco teclados manuais e nos diversos registros que os compõem.
O órgão em si como instrumento de grandes proporções nada deve aos de Notre Dame, Saint-Sulpice ou do Sacré-Coeur de Paris, perdendo apenas para os extremamente gigantescos, tais como os famosos Wanamaker, na Philadelphia e o do Auditorium Convention Hall em Atlantic City, com sete teclados manuais, pedaleira e 32.914 tubos: o maior órgão do mundo!
Como instrumento "sinfônico" (além de apresentar grandes possibilidades expressivas) produz a estereofonia, justamente, por sua disposição em dois extremos da grande nave da Basílica, ou sejam, ladeando o altar-mor (órgãos Coral e Eco) e tomando todo o grande coro (Grande Órgão, formado pelo Positivo, Grande Órgão, Recitativo e Solo).
O organista francês Leónce de Saint-Martin (1886-1954, sucessor de Louis Vierne como organista titular em Notre Dame de Paris) provavelmente o consideraria perfeito, pois considerava o grande órgão Cavaillé-Coll de Notre Dame de Paris um "instrumento cósmico" ("instrument cosmique"). Portanto, para instrumento destas proporções, não seriam necessárias quaisquer outras condições que o tornassem maior e mais complexo como aqueles instrumentos americanos acima citados.
Como instrumento construido em nosso século, é perfeitamente equilibrado no que tange à sua estrutura, elevada qualidade fônica e grande facilidade de manejo.
Da consola principal, o organista põe em movimento todo o gigantesco complexo instrumental.
O primeiro teclado manual, o Positivo-Expressivo, tem seus tubos encerrados numa caixa expressiva. Dele constam jogos de registros suaves. É ideal para acompanhar melodias executadas no G.O. ou no REC. Os dois registros de lingüetas que possui,podem ser usados à "solo".
Deste mesmo teclado, o organista pode acionar o Órgão Coral à distância, bastando para isto apertar um dos dispositivos existentes ao lado direito por sobre o quinto teclado manual. Para o efeito de estereofonia, o organista pode conseguir um equilíbrio bastante satisfatório. Os jogos que compõem o Órgão Coral são em geral comuns na maioria dos pequenos órgãos Tamburini. Tem no primeiro manual os jogos de fundo, o Ripieno de 5 fileiras e uma Tromba 8'. Nosegundo manual, os jogos de registros suaves, as misturas e o Oboe 8'. Estes registros são acionados um a um ou simultaneamente da consola principal.
O segundo teclado manual, o Grande Órgão, possui registros de grande força sonora. Nele estão representados os diapasões em 16, 8, 4 e 2 pés. É rico em misturas. As lingüetas ali estão bem representadas pela Tromba em 16 e 8 pés e o Clarone 4'. Toda a força e pujança é conseguida, acoplando-se-lhe os demais teclados.
O terceiro teclado manual, o Recitativo-Expressivo, tem seus tubos encerrados numa caixa expressiva. Além dos registros flautados, estão ali representadas a família das "cordas" e jogos cantantes de lingüetas. As misturas reforçam a beleza dos jogos de fundo, enriquecendo-os em harmônicos. A Arpa e os Sinos (Campane) agregam-lhe efeitos especiais.
O quarto teclado manual, o Solo, é bastante rico em jogos de lingüetas. Seus tubos encontram-se também encerrados em caixa expressiva. Nos órgãos franceses, este teclado geralmente recebe o nome de "Clavier des Bombardes", dada a quantidade de registros de lingüetas que possui.
O quinto teclado manual, o Éco, tem seus tubos encerrados em caixa expressiva. como o Órgão Coral, este órgão de Éco encontra-se bastante distanciado da consola principal. Seu efeito de éco está mais para quem o escuta, estando à entrada principal da Basílica ou no grande coro. Para quem o escuta próximo ao altar-mor, deixa de sentir tal efeito passando a escutá-lo como órgão independente. Neste teclado estão representados os jogos suaves de flautas, cordas e lingüetas, além da Arpa e dos Sinos que lhe enriquecem sobremaneira com efeitos especiais.
O teclado de Pedais é rico em jogos de flautadas e de lingüetas em 32, 16, 8 e 4 pés, assim como em misturas. Os sinos podem ser tocados deste teclado. Os registros de 32 pés apoiam a massa sonora do instrumento, dando-lhe profundidade.
Estado Geral do Instrumento
Este fabuloso órgão normalmente requer manutenção periódica e que já vem sendo dada pelo Sr. Nemo Augusto Carvalho. O estado geral do instrumento é bastante bom, faltando apenas - dentro dos trabalhos de restauração - a recuperação de alguns circuitos elétricos que se acham deteriorados pela ação do tempo.
Re-inaugurado em 12 de setembro de 1987 pelo organista italiano M°. Renzo Buja, este órgão só poderá continuar em pleno funcionamento, principalmente, com a dedicação, competência e zelo com que o Sr. Nemo Augusto Carvalho lhe vem dispensando.
Bibliografia
Audsley, George Ashdown. The Art of Organ Building. New York,
Dover Publications, Inc.,1965.2v.
Balbiani, Cesare. I Registri nella Struttura Fonica dell Organo.
Ancona, Edizioni Berben, 1975.
Coignet, Jean-Louis. Le Grande Orgue de Notre Dame de Paris de
1868 à nos jours. La Flüte Harmonique n° 14, revue de l'Association
Aristide Cavaillé-Coll, 1980: 4-23.
Faust, Oliver C. A Treatise on the construction, repairing and
tuning of the Organ. Boston, Tuners Suplly Co., 1949.
Kerr, Dorotéa. Possíveis causas do declínio do órgão no Brasil/Catálogo
dos Órgãos no Brasil. Rio de Janeiro, Escola de Música da UFRJ,
1985, 2v.