Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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N° 12 (1991: 4)
Antonio Alexandre Bispo
(Excertos)
Luiz Heitor Correa de Azevedo Le Chant de la Liberté, Centre de recherches de l'Institut d'Études
Hispaniques (Paris 1966), Luiz Heitor Correa de Azevedo: 80 Anos,
coord. D.Martins Lamas/A.A.Bispo, Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira
de Musicologia, 205
De la petite musique qui vivra longtemps:
"La moisson de chants patriotiques avait été extrêmement abondante,
pendant la période des luttes pour l'émancipation politique de
l'Amérique latine. (...) Certains Etats se sont offert une musique
officielle à une date relativement récent; d'autres possèdent
des Hymnes sans histoire. (...) Musique et musiciens se sont mis
au service de la cause de l'Indépendance. L'Amérique n'a pas vu
fleurir, au premier quart du XIXe siècle, une très grande musique.
Mais elle produisait ce dont avaient besoin ses soldats et ses
patriotes: une musique simple, que la foule pouvait chanter, qui
communiquait à cette foule l'impression de force obtenue par la
participation commune au chant, qui illuminait ses incertitudes,
avivait l'espoir, se fixait dans le coeur et finalement on venait
à la trouver très belle, parce qu'on l'avait aimée."
Hinos patrióticos, cívicos, relacionados com entidades, datas
e personalidades podem não ter especificamente grande interesse
musicológico, constituem porém sempre documentos de particular
significado para a história cultural de comunidades e instituições.
O mundo de língua portuguesa possui uma antiga tradição de hinos dedicados a soberanos e acontecimentos. Nas suas diversas regiões, sobretudo a partir de meados do século XIX, desenvolveu-se um vasto repertório laudatório causado pela difusão das bandas de música militares e civís. Esses documentos históricos são significativos para o estudo do processo secularizador da vida musical. Datas, pessoas, cidades, regiões, nações e entidades passaram a substituir, por assim dizer, as referências estabelecidas por práticas religiosas e pelas datas do calendário eclesiástico.
A formação de um repertório musical próprio relacionado conscientemente
com determinadas cidades e regiões, no sentido de um cultivo de
memória local, com conseqüências positivas para a preservação
do patrimônio cultural e o desenvolvimento da reflexão e do estudo
a respeito, pode, em muitos casos, ter início com hinos e obras
correspondentes vinculadas com determinadas personalidades e instituições
locais do passado e do presente.
Faz-se necessário um levantamento amplo, organizado geográfica- e historicamente dos hinos cívicos das diversas regiões e cidades. O presente texto limitar-se-á a oferecer alguns exemplos do hinário cívico particularmente relacionado com São Paulo.
O Hinário da Revolução Constitucionalista
Publicou-se, em 1981, a terceira edição do livro de Euclydes Figueiredo, Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista de 1932 (São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura/Martins), com palavras iniciais do Deputado Cunha Bueno e de Guilherme Figueiredo, sócios especiais da Sociedade Brasileira de Musicologia. O Presidente da Sociedade "Veteranos de 32-M.M.D.C." abriu a obra com as seguintes palavras:
"O Movimento Constitucionalista ultrapassou este meio século./
Ainda não é História. Vive na recordação dos veteranos que nela
combateram e vive também (embora talvez não o compreendam) no
sentimeno dos moços que ambicionam hoje viver em regime de liberdade.
/ Por isto a publicação do que foi escrito sobre a campanha heróica
é sempre oportuna. Dá a exata medida do sacrifício de tantos companheiros.
Ensina, aos que não viveram aquela época, as dimensões da vibração
unânime dos brasileiros de São Paulo."
As "dimensões da vibração" da época podem ser particularmente bem avaliadas pela música. Como um dos episódios marcantes da história de São Paulo do século XX, a Revolução deixou à posteridade numerosos hinos. Nessa época caracterizada por fervor patriótico, o CEMA e muitas outras casas editôras publicaram não apenas o "Hino Nacional Brasileiro", de Francisco Manoel da Silva, em edição facilitada para canto e piano, e a "Canção do Soldado", em arranjo de F. Fonseca, como também composições patrióticas de J. de Souza Lima ("Gloria"), José Maria de Abreu ("Vencer ou Morrer"), Marcello Tupynambá ("Redempção", "O Passo do Soldado") e outras.
Devendo ser comemorado, em 1992, os 60 anos do evento, parece ser conveniente chamar a atenção, a tempo, para alguns exemplos desse repertório.