Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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N° 10 (1991: 2)
Antonio Alexandre Bispo
(Excerto)
Fundou-se, no dia 16 de agosto de 1865, em Penedo, a "Sociedade Filarmônica Sete de Setembro". No dia 30 de outubro de 1877, recebeu esta o título de "Imperial Sociedade" por ter dado auxílios por ocasião de uma epidemia no Rio de Janeiro. Sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, foi principalmente fruto do trabalho do português Manuel Pereira Carvalho Sobrinho, que idealizou a construção de um teatro próprio.
O "Teatro Sete de Setembro", hoje edifício do patrimônio artístico local, o mais antigo de Alagoas, foi inaugurado no dia 30 de outubro de 1877.
O historiador Ernani Mero estudou o início do desenvolvimento da banda de música em Penedo, onde "pontificava a colônia portuguesa" ("O Teatro Sete de Stembro: Histórico", Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas XXXVIII, 1982/83, 31-34).
O idealizador da Sociedade Filarmônica chegou provavelmente no ano de 1864 de Portugal para tratar de negócios de um tio que dirigia uma firma baiana, casando-se em Penedo. Nessa cidade, desenvolveu intensa atividade empreendedora. Em 1878, fundou uma biblioteca e o Salão de Leitura da Sociedade Filarmônica.
Talvez o mais significativo mestre de banda de Penedo tenha sido Henrique Thomáz, diretor da Filarmônica "Euterpe Ceciliense". Somente nos últimos anos, com as recentes reformas ocorridas na sede desta entidade, é que o seu retrato foi afastado da sala de ensaios da tradicional corporação. Segundo o seu filho, Homero Thomáz, "ele mestrava muito e fabricava muita música", falecendo em fins da década de sessenta. Seu sucessor foi Júlio Catarina, também autor de peças para banda divulgadas em várias cidades de Alagoas, Sergipe e Bahia. Entre os mestres de banda de Penedo do passado próximo cumpre lembrar ainda Manuel Baixo, da banda "Carlos Gomes".
A "Sociedade Musical Penedense Euterpe Ceciliense" conseguiu estabilizar-se
no decorrer de sua existência, transformando-se em importante
esteio da vida musical de Penedo. Uma das razões de seu prestígio
local parece ter sido a rigidez de costumes imposta pelos seus
estatutos:
"Art. 1° (b): Quando casado, é dever do sócio trazer pelo menos quatro vêzes ao ano a sua família aos festivais da sociedade e, se solteiro, acompanhar-se de irmã ou noiva, devendo apresentar-se nos festivais de gala usando colarinho e gravata. (...) (d). O associado que ingressr na sociedade acompanhado de uma mulher suspeita ou duvidosa, será sumàriamente eliminado e ainda ficará sujeito à punição judiciária, par o bem da moral desta Sociedade."
Entre os mestres de banda que atuaram nessa sociedade, cumpre
citar, além de Henrique Thomáz e Júlio Catarina, Lauro Carmo e
Edson Porto. Lauro Carmo foi conhecido mestre de numerosos músicos
de Alagoas e Sergipe. Em Propriá, foi professor de João José do
Nascimento, músico que atuou em várias cidades, tais como Estância,
Alagoinhas e Cachoeira. Sob a sua direção, Estância alcançaria
o apogeu de sua história mais recente do cultivo musical, quando
três bandas concorriam na preferência da população. Foi contra-mestre
da "Banda Industrial" de Propriá, mas resolveu, segundo as suas
próprias palavras, "fundar um jazz" e "caiu na orgia". Toda a
sua obra foi perdida durante um naufrágio no Rio São Francisco,
passando J. José do Nascimento a atuar em Maragogipe, na Bahia.
Edson Porto, que posteriormente atuou em Maceió, é autor da divulgada
"Valsa Aracy" (23 de novembro de 1954).
Desde fins do século XIX, Penedo transformou-se em "cidade de pianos" indício da intensidade do cultivo doméstico da música na localidade. Entre os musicistas dilentantes da cidade devem ser citados o médico Alfredo Freire Leahy e Milú Modesto.
(...)