Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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N° 09 (1991: 1)
Projeto Alagoas I CONTRIBUIÇÃO ALAGOANA À EDUCAÇÃO MUSICAL NO INÍCIO DO SÉCULO:
Regionais, Nacionais e Universais
OS CANTOS ESCOLARES DE
TAVARES DE FIGUEIREDO
Antonio Alexandre Bispo
(Excertos)
Na história a ser ainda escrita da Educação Musical do Brasil não poderá faltar a consideração dos "Cantos Escolares", livro com músicas de Tavares de Figueiredo e versos de Jayme d'Altavilla, excelentemente impresso em Maceió (s/d). A obra, de 26 páginas, é profusamente ornamentada e ilustrada, oferecendo um quadro significativo dos esforços feitos pelo fomento da instrução pública no início do século XX em Alagoas.
A publicação abre com o retrato do Dr. José Fernandes de Barros Lima, então Governador do Estado, indicado como devotado amigo da Instrução Pública. Além de oferecer uma galeria de retratos de outras personalidades do Govêrno (Dr. Freitas Melro, Vice-Governador, Dr. Ernandi Basto, Intendente da Capital, Dr. Moreira Lima, Secretario do Interior, Dr. Castro Azevedo, Secretario da Fazenda), destaca a figura do Diretor Geral da Instrução Pública, Dr. Barreto Cardoso. Inclui também fotos dos principais estabelecimentos de ensino público do Estado, em edifícios de cuidada arquitetura: Escola Modêlo de Maceió, Grupo Escolar Diegues Junior de Maceió, Grupo Escolar Ambrosio Lyra de São Luiz do Guitunde, Grupo Escolar Torquato Cabral, de Parahyba, além de escolas mantidas por empresas (Grupo Escolar da Companhia União Mercantil, de Fernão Velho; Escola São Bernardo da Companhia Fiação e Tecidos de São Miguel; Grupo Escolar mantido pela Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos, Cachoeira).
De especial interesse é a fotografia dos jovens autores da obra,
à frente de um piano, encimada por uma lira com a palma da vitória
à frente do início do Hino de Alagoas e subescrita com a frase
que indica o conceito educativo-musical da publicação: "O canto
escolar é o caminho mais suave para se accordar no coração da
juventude o sentimento do amor patrio, atravez de inesqueciveis
emoções."
Essa filosofia dos autores exprime-se na própria definição estética de música que abre o curto capítulo de título "Pequena Arte de Música adoptada nas Escolas Publicas":"Musica é a arte que exprime a saudade, para commover a alma e falar ao coração". A essa definição segue-se outra, que os autores expressamente indicam como sendo de J.J. Rousseau: "Musica é a arte de combinar os sons de uma maneira agradavel ao ouvido.". Semelhante é a definição de melodia: "Melodia é a combinação de sons successivos capaz de expressar todos os sentimentos."
Jayme d'Altavilla
A obra contém as seguintes peças: "Hymno do Centenario: Aos Heróes
da Liberdade Patria"; "Canção dos Escoteiros: à Juventude Brasileira";
"Canção do Trabalho: Homenagem à Classe Operária", "Canção dos
Jangadeiros: Homenagem aos Bravos Jangadeiros do Norte" (Tempo
de Habanera); "Canção da Patria: ao Soldado Brasileiro" e "Hymno
do Estado".
"O canto escolar é o caminho mais suave para se accordar no coração
da juventude o sentimento do amor patrio, atravez de inesqueciveis
emoções."
Tavares de Figueiredo
Na última capa reproduz-se carta enviada do Palácio de Bruxelas e dirigida ao compositor:
"Palais de Bruxelles. // Monsieur Tavares de Figueiredo // Maceió. // Vous avez eu la grande amabilité de faire parvenir á la Reine une exemplaire de l'Oeuvre écrite par Mr. Jayme d'Altaville et que vous avez mise en musique. // La Reine s'est montrée charmée de cette amicale attention. Sa Magesté garde votre composition musicale parmi les souvenirs qu'Elle a rapportés de son voyage au Brésil. // Notre Souveraine m'a chargé de vous transmettre l'expression de sa vive gratitude. // Veuillez agréer, Monsieur, l'assurance de mes sentiments trés distingués. // Le Secretaire de la Reine // Baron Traux de Wardi. //
Canção dos Jangadeiros Letra de Jayme d'Altavilla Nossa jangada é tão leve Estribilho Nós somos filhos do Norte, (...) A nossa vela em verdade
Música de Tavares de Figueiredo
Como um berço de creança.
A furia do mar é breve,
Tão breve como a bonança.
No alto mar ha sempre um traço
De união em nossa vida,
Pois a jangada é um pedaço
De nossa terra querida
Das praias de Alagoas.
Para quem não teme a morte,
Todas as ondas são boas.
Ser branca não deveria,
Pois não consta que a saudade
Seja alva como a alegria.
Jangada cheia de glória,
Arca de Nosso Senhor.
Tambem Jesus, diz a historia,
Foi um dia pescador