Timbre ABE

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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No. 91 (2004: 5)


 

Museu de Kommern. Programa

 

Impressões, imagens e mitos

a posteriori:
reflexões motivadas pelo

Colóquio Internacional de Estudos Interculturais

2004

Academia Brasil-Europa

 

 

Volkskunde e Museus ao ar livre na Alemanha e no Brasil

Kommern. Trabalhos da Academia Brasil-Europa 2004

 

Kommern.Museu ao ar livreNo dia 2 de maio de 2004 realizou-se uma visita de membros da Academia Brasil-Europa ao Museu ao Ar Livre de Kommern, Alemanha. O evento deu-se por motivo da passagem dos 15 anos da visita de participantes do I° Colóquio de Estudos Euro-Brasileiros ao museu. Na época, tratou-se sobretudo de problemas de museologia da cultura popular na Europa e no Brasil e de suas relações com a discussão de conceitos de patrimônio.

Desde 1989, substanciais modificações na compreensão e na metodologia dos estudos culturais levaram a novos interesses da pesquisa e a superações de antigos posicionamentos. Nessa visão retrospectiva, surpreende a atualidade de muitas das reflexões então encetadas.

Como já então se salientara, os museus ao ar livre de arquitetura tradicional e de modos de vida rural permanecem condicionados por visões e intuitos científico-culturais e museológicos do passado. Novos caminhos precisam ser abertos para a recuperação do interesse científico desses museus no presente.

A focalização dos espaços criados e a problematização da construção de sentidos e de sua leitura oferecem possibilidades para novas análises.

Esse complexo de problemas diz respeito também ao Brasil. Há, no país, reconstruções de habitações e contextos da vida quotidiana em alguns museus, sobretudo de etnografia e folclore. Os exemplos que mais correspondem aos museus ao ar-livre alemães são naturalmente aqueles dedicados à cultura de imigrantes e colonos, tais como o de Joinville, SC. No Congresso de Estudos Euro-Brasileiros, de 2002, os participantes tiveram a possibilidade de considerar algumas das questões que aqui se levantam em visita à aldeia dos imigrantes, em Nova Petrópolis, RS.

Com base em assuntos então tratados, deu-se prosseguimento às reflexões na revisita ao museu de Kommern.Considerou-se a modificação de algumas concepções com relação à situação em 1989, e sobretudo um direcionamento mais explicitamente didático, intensivado pelo uso de técnicas atuais de apresentação visual e sonora. Oferece, assim, programas infantís, visitas guiadas especiais e oportunidades para passeios de férias, projetos museo-pedagógicos diversificados para escolares, procurando transmitir noções e imagens da vida quotidiana de épocas passadas.

O Museu ao Ar Livre de Kommern, instituição central de colecionamento e documentação da cultura popular renana, permanece sendo um dos mais fascinantes exemplos de museologia etnográfica e folclórica pela riqueza e diversidade de suas 65 construções históricas, entre casas residenciais, moinhos de vendo e de água, oficinas, escolas, salas de baile e capela, inseridas sensivelmente na paisagem, em jardins e hortas. Segundo a sua própria definição, procura mostrar como é que antigamente se vivia e se trabalhava na Renânia.

Uma reorientação de museus do tipo exemplarmente representado pelo de Kommern, ou seja de intenções científicas fundamentadas em concepções de pesquisa de tradições culturais do passado a objetivos mais de natureza pedagógica, não torna supérfluas contínuas reflexões teóricas. Um dos aspectos que sempre se mostram atuais é o da por assim dizer quase-naturação de objetos culturais.

Museu de Kommer: aspectosAinda que os respectivos contextos de edifícios transplantados de outros locais - e assim salvos da destruição - sejam devidamente considerados em cartazes e outros meios informativos, a própria artificialidade da criação cenográfica de espaços e da combinação de edifícios fomenta a uma visão estática de épocas e de situações culturais, desvinculando-as do caráter processual da cultura.

Tais exposições não apenas refletem determinadas épocas do pensamento científico-cultural e de concepções de identidades nacionais e regionais como também as podem perpetuar.

Se na discussão sobre o patrimônio cada vez mais se acentua o fato de que não apenas edifícios e objetos são dignos de serem considerados como bens, mas sim também desenvolvimentos e processos, então aqui ter-se-ia uma tarefa a ser solucionada.

O significado excepcional desses museus para os estudos culturais não deve ser de modo algum relativado. Apenas cumpre salientar que, do ponto de vista teórico-cultural, sugerem uma modificação sensível de perspectivas: êles próprios tornam-se objetos de estudos culturais, na sua concepção, realização e imagem que oferecem da cultura.

Sob esse enfoque foram discutidas propostas e concepções de estudiosos brasileiros do passado e do presente concernentes a Museus de Artes e Técnicas Populares, de Etnografia e Folclore e de Colonização e Imigração.

(...)

Observação: o texto aqui publicado oferece apenas um relato suscinto de trabalhos. Não tendo o cunho de estudo ou ensaio, não inclui notas e citações bibliográficas. O seu escopo deve ser considerado no contexto geral deste número da revista. Pede-se ao leitor que se oriente segundo o índice desta edição (acesso acima).

 

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