Timbre ABE

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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No. 90 (2004: 4)


 

Titulo Coloquio Parte II

Entidades promotoras
Academia Brasil-Europa
I.S.M.P.S./I.B.E.M.: Instituto de Estudos Culturais do Mundo de Língua Portuguesa/Instituto Brasileiro de Estudos Musicológicos

Em cooperação com
Musikwissenschaftliches Seminar der Universität Bonn

e apoios das seguintes instituições

Museu Imperial
Instituto de Meninos Cantores de Petrópolis
Academia Brasileira de Música
Fundação Casa Rui Barbosa
Museu Casa Burle Marx
Secretaria de Cultura do Município de São Paulo
Centro Cultural São Paulo
Theatro Municipal de São Paulo
Páteo do Colégio
Philharmonia Brasileira
Prefeitura e Câmara Municipal de Joanópolis
Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Coimbra
Instituto de Estudos Clássicos e Brasileiros da Universidade de Coimbra

Agradecimentos especiais
Mercedes de Moura Reis Pequeno, Edino Krieger, Marco Aurelio Lischt dos Santos

Direção geral
Dr. Antonio Alexandre Bispo

Vista Paraty
© Foto: A.A.Bispo 2004
Arquivo A.B.E.

 

Lírica das águas

450 ANOS DE SÃO PAULO
COLÓQUIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS INTERCULTURAIS
ACADEMIA BRASIL-EUROPA

Paraty, 20 de março de 2004

 

Paraty 1O Colóquio Internacional de Estudos Interculturais, realizado pela Academia Brasil-Europa em cooperação com universidades e instituições do Brasil e do Exterior pelos 450 anos de fundação de São Paulo, dedicou a segunda parte do evento para sessões a serem realizadas no Rio de Janeiro. Pareceu ser significativo, nas comemorações da data, considerar mais de perto as relações entre o universo paulista e o Rio de Janeiro, relações que marcaram a história cultural sob múltiplos aspectos e não foram unilaterais.

A abertura dos trabalhos dessa segunda parte do evento deu-se com sessões em Paraty. O tema escolhido foi o da Lírica das águas. Com esse tema, dando continuidade, sob novos aspectos às reflexões encetadas nos dias anteriores sob a perspectiva da Lírica da terra, procurou-se chamar a atenção para o significado na história cultural dos vínculos de São Paulo, situado no planalto, com o mar e, assim, com o mundo do Exterior e com a Europa. Durante os primeiros séculos, esse vínculo deu-se sobretudo pelo porto de Paraty. Aqui foi uma e por certo tempo a principal saída e entrada para aqueles que se dirigiam ou vinham do Rio de Janeiro. Foi o porto do caminho do ouro, portal para o interior e do interior para o mundo.

Entretanto, o tema possuiu uma dimensão maior e mais profunda. Tratou-se de retomar o debate sobre a simbologia da água que vem sendo desenvolvido pela Academia Brasil-Europa desde os anos 80 e que já foi considerado em publicações e eventos. Com esse enfoque, o tema leva aos fundamentos da discussão filosófico-natural, base da mitologia e das imagens que impregnaram a cultura ocidental.

No centro das atenções das sessões de Paraty esteve a apresentação da dissertação de doutoramento de Martha Haug, de título Crença, Sobrevivência e Liberdade.

A autora, geógrafa urbana e pesquisadora cultural, professora da Universidade de Cuiabá, Mato Grosso, dedicou-se, nessa obra, ao mundo dos garimpeiros. O lançamento dessa obra e a sua discussão em Paraty foi bastante sugestiva, uma vez que a cidade está como poucos outros portos do Brasil ligada à história do ouro e das riquezas do interior. Além do mais, o tema escolhido, Lírica das águas, diz respeito a um elemento com o qual os garimpeiros nos rios do Brasil continuamente se confrontam.

O trabalho de Martha Haug traz à consciência aspectos téorico-conceituais e metodológicos de significado para a discussão dos estudos interculturais: a questão da multiplicidade de perspectivas e da interdisciplinaridade, do estudo de fontes históricas nas suas relações com a pesquisa empírica, da possibilidade de exercício de uma pesquisa sensível para questões sociais sem o prejuízo de uma orientação dirigida às bases de sistemas de concepções e imagens.

Martha Haug, Ivo Cruz, BispoNas suas palavras de abertura e apresentação, o Dr. Antonio Alexandre Bispo salientou o significado do tema Lírica das águas, nos seus aspectos gerais, filosófico-naturais e imagológicos por êle tratados nas suas publicações "Fundamentos da cultura cristã no mundo extra-europeu da Idade Moderna: O espaço do Padroado português" (1988/9), "Antropologia Cristã da Música" (1992) e "Tipo e Anti-Tipo" (2002).

A pesquisa histórica e de campo de Martha Haug, inserindo-se nesse contexto de preocupações, do qual vem participando há vários anos, representa, além do seu significado específico para a pesquisa do garimpo e de sua cultura, importante contribuição para o estudo contextualizado regionalmente de expressões do sistema de visões e imagens do mundo e do homem.

Após a apresentação da obra, o Mtro. Dr. Manuel Ivo Cruz, em nome de Portugal, agradeceu à conferencista pela sua exposição, uma vez que trata de um tema que diz tanto respeito à cultura e à história de Portugal. A água, a orientação aos mares, a simbologia aquática são de fundamental importância para um país que teve a sua história marcada por um direcionamento ao Atlântico e pelas viagens marítimas.

No debate, o Dr. Bispo salientou que um dos aspectos principais da exposição poderia ser visto na revelação da concepção do assim-chamado "minhocão" no universo das imagens populares de habitantes de Cuiabá. Essa imagem, embora aparentemente singular, corresponde a antigas e fundamentais concepções da Antiguidade, elucidadas de forma narrativa em mitos, explicável sob o ponto de vista da filosofia da natureza e da Gnose.

 

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