Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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No. 87 (2004: 1)
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DINÂMICA RENOVADORA DA CIÊNCIA DA CULTURA E DA MUSICOLOGIA A PARTIR DE REDES INTERNACIONAIS: DA NOVA MUSICOLOGIA/NEW MUSICOLOGY/MUSICOLOGIE NOUVELLE
Conferência na Câmara Municipal de Guarujá
Antonio Alexandre Bispo
Até hoje os estudantes de musicologia nos países de língua alemã
ainda não dispõem de materiais informativos e de discussão suficientes
a respeito de projetos e concepções que, superando fronteiras,
ofereçam auxílios de orientação e bases para reflexões fundamentadas
a respeito de uma ciência histórica da música que se renova cada
vez mais nos últimos trinda anos. A regeneração da disciplina
exige a consideração de complexos temáticos supra-disciplinares,
cuja pesquisa e análise pressupõem a superação de limitações eurocêntricas
de perspectivas.
Reflexões e debates em seminários de musicologia em universidades
alemãs, dedicados a questões de história da música em contextos
globais e que consideram desenvolvimentos teórico-científicos
recentes da ciência da cultura, baseiam-se, infelizmente, somente
na recepcão de publicações norte-americanas. Ponto de partida
desses cursos e colóquios, que refletem o desenvolvimento do pensamento
histórico-musical sob o título de New Musicology ou Musicologie
Nouvelle, deveria ser, porém, antes os movimentos que ocorreram
no Brasil na década de sessenta e que levaram, entre outros, à
fundação do Centro de Pesquisas em Musicologia no âmbito de uma
organização científico-cultural dedicada à análise de processos
de difusão cultural e que procurava fomentar também a ação ativa
na dinâmica da transformação cultural..
Esse movimento, que de forma alguma se restringiu à discussão
de problemas regionais e nacionais, decorreu paralelamente a tendências
renovadoras nas ciências da cultura, sobretudo na pesquisa do
folclore, na música popular, na história das artes e da arquitetura
e na área das comunicações. Orientações espiritualistas da cultura,
sobretudo discutidas em círculos de imigrantes alemães, foram
revistas a partir de novas premissas e atualizadas, passando a
ser consideradas como ocorrências passadas da história das idéias.
Desenvolveu-se um primeiro programa para a renovação dos modelos
de pensamento na pesquisa da imigração e do colonialismo. No âmbito
acadêmico, esse movimento levou, em 1972, à renovação da disciplina
História da Música na Faculdade de Música e Educação Artística
do Instituto Musical de São Paulo. O trabalho conjunto das disciplinas
Estética e Etnomusicologia possibilitou o questionamento de visões
tradicionais da historiografia do Modernismo a respeito da cultura
musical nacional. As categorias diferenciadoras entre esferas
eruditas, populares e folclóricas da cultura foram repensadas
e abandonadas a favor de uma maior atenção crítica à dinâmica
da formação cultural.
Assim, no Brasil, mais especialmente em São Paulo, deram-se importantes
passos para uma renovação da história da música e das artes, o
que apenas muito mais tarde pode ser observado em instituições
de pesquisa e de ensino na Europa. A discussão dos diversos aportes
teóricos da pesquisa histórico-musical e da análise, o esclarecimento
de conceitos diferenciadores, a formação plural de métodos e a
seleção de complexos temáticos foi desenvolvida posteriormente
em numerosos congressos, colóquios e conferências.
A essa linha de pensamento e a essa tradição de discussão regeneradora
da musicologia dedica-se a Academia Brasil-Europa de Ciência da
Cultura e da Ciência, que também procura fomentar a pesquisa e
a análise das premissas sociológicas na dinâmica e no desenvolvimento
do trabalho científico, com todas as suas conseqüências para a
aceitação de modelos de pensamento e de aportes científicos no
âmbito de redes sociais internacionais e interdisciplinares.
Apesar de todas as diferenciações de aportes, teorias, métodos,
apesar de toda a pluralidade dos campos de problemas investigados,
permanece um elemento constante no trabalho da Academia Brasil-Europa
a acepção básica, derivada de sua própria história, de que a música
não representa apenas um elemento da história da cultura: ela
deve ser considerada como uma categoria fundamental da análise
cultura e do próprio edifício das ciências.
Esse axioma baseia-se na convicção - sempre refletida a partir
de suas bases - de que se deve procurar uma coerência do pensamento
no sistema das idéias, o que implica levar em consideração concepções
antigas do sistema quadrivial. Somente assim é que se pode esperar
o alcance de critérios adequados para uma análise adequada de
fenômenos musicais e culturais que se situam em contextos tradicionais
do Ocidente ou que a eles pertençam parcialmente. Essas bases
axiomáticas exigem constantes reflexões filosóficas a respeito
do modêlo quadrivial e leva a discussões que se desenvolvem cada
vez mais no sentido de uma antropologia filosófica e simbólica,
na qual a música surge em grande proximidade ao conceito de Mente.
Assim, a história da música se aproxima cada vez mais da história
das mentalidades, ou melhor, de uma análise histórica de diferenças
de situações mentais de indivíduos e de grupos em determinadas
situações de representações coletivas. A Mens caracteriza-se fundamentalmente
por situação de instabilidade, cuja variações e dinamismo de planos
na vida individual e social ocorre dentro de um contexto definido
temporal-e espacialmente e que deve ser analisado. Deve-se pesquisar,
por exemplo, até que ponto a análise da relação entre 1) uma cultura
da vida de trabalho, 2) uma cultura das ações de culto e de ritos
não-cultuais e 3) de representações do Logos ou da Vontade nas
expressões simbólicas pode levar ao conhecimento de códigos que
permitam conclusões a respeito do estado da Mens em situações
históricas determinadas. Sob essa compreensão da história da música
e da cultura, na qual a atenção é dirigida à interação entre a
vida de trabalho e a cultural ou espiritual dentro um complexo
dinâmico com as forças racionais e voluntativas, o trabalho interdisciplinar
surge como uma necessidade óbvia. Entre outras, a pesquisa de
Gênero adquire aqui um significado especial, uma vez que a identificação
de sinais da ordem simbólica se processa, em geral, de acordo
com categorias de gênero.
A situação atual dos estudos internacionais caracteriza-se por
diferenças disciplinares e sociólogico-científicas quanto a conceitos,
aportes e propostas teóricas, assim como também quanto à escolha
de temas estudados. No centro das discussões encontra-se a questão
de como é que posicionamentos antigos e modernos dirigidos à "essência"
da música, ou seja, de como é que modêlos essencialistas poderão
se relacionar com aquelas correntes que apenas consideram a música
como produto de construcão cultural. A possibilidade - talvez
até mesmo a necessidade - de uma interdependência de ambas as
perspectivas passa a ser cada vez mais aceita; questiona-se, porém,
como é que podem ser integradas num modêlo teórico coerente.
(...)
Musik, Projekte und Perspektiven. A.A. Bispo u. H. Hülskath (Hgg.).
In: Anais de Ciência Musical - Akademie Brasil-Europa für Kultur-
und Wissenschaftswissenschaft. Köln: I.S.M.P.S. e.V., 2003.
(376 páginas/Seiten, só em alemão/nur auf deutsch)
ISBN 3-934520-03-0
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