Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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No. 85 (2003: 5)
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TROVADORES NO MÉDIO TIETÊ, SÃO PAULO
Julieta de Andrade
Cururu é um espetáculo de teatro não-formal com poesia, música e dança, que ocorre em ocasiões festivas ligadas ao culto do Espírito Santo na região do Médio-Tietê, Estado de São Paulo. Historicamente, ao que tudo indica, em conseqüencia das Bandeiras, foi levado aos atuais Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, onde se ligou às festas do Espírito Santo, São João e, por analogia, às de Santos de devoção, em ambiente ligado às casas dos fiéis ou na parte exterior, circundante, das igrejas.
É, por definição dos que o apresentam, um desafio importante entre trovadores, tradicional em áreas de pregação dos frades de São Francisco; sua região de incidência acompanha a penetração franciscana vinda de Portugal através dos Açores- onde ainda hoje há trovadores nas festas do Divino. É de lembrar que São Francisco foi trovador; quando jovem, vivia como boêmio, poeta e cantador.
A palavra cururu corresponde ao termo ocitano corola (roda, corola, pequena coroa, carola, em francês carolle) trazendo o sentido de roda de dança ao redor do altar, com cânticos e poesias de tema religioso, após o culto, na Idade Média da Europa Ocidental. No Brasil diz-se fazer o arrodiado.
No Estado de São Paulo, agora, a sessão de cururu apresenta-se assim: quando há promessa (do festeiro, de algum cantador), ela é cumprida com a dança de roda dos cantadores, instrumentistas e promesseiro, em sentido anti-horário, estando o braço da viola para dentro da roda - porque, se estiver para fora, os dançadores estarão em sentido horário e o sentido mágico desaparece. As promessas, em geral, são agradecimentos por recuperação da saúde quando de doença grave. Quanto à assistência, pede-se silêncio total.
Na roda, os trovadores cantam uma estrofe encadeada na estrofe do precedente, através da repetição do último ou dos dois últimos versos. Fecham assim uma corrente de dança, poesia, música e oração a favor da vida do promesseiro. Os temas são religiosos, no mínimo sérios, nesse momento. O passo consiste em pôr o pé direito à frente, alcançá-lo com o esquerdo, pausa; direito à frente, acompanha o esquerdo, pausa...
Terminada a promessa, a funcão do desafio começa.
A ordem de entrada dos trovadores é estabelecida por sorteio, com papeizinhos contendo o nome do cantador, pois os últimos terão argumentos tirados das apresentações dos anteriores.
Cada um deles inicia cantando uma melodia sem letra (às vezes, versificada, é mais raro), de seu agrado pessoal; através dela ele exibe sua alma, sua arte, a afinação, seu jeito de entender a vida, porque é sua maneira de fazer música, o seu baixão com o qual ele se identifica.
(...)
[trechos gravados da conferência]
Literatura
Andrade, Julieta de. Cururu, Espetáculo de Teatro não-formal,
Poético-Musical e Coreográfico. Um Cancioneiro Trovadoresco do
Médio Tietê, SP. Tese de Doutorado em Artes (Artes Cênicas), Universidade
de São Paulo - USP, 1992 (Unveröffentlicht)
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Musik, Projekte und Perspektiven. A.A. Bispo u. H. Hülskath (Hgg.).
In: Anais de Ciência Musical - Akademie Brasil-Europa für Kultur-
und Wissenschaftswissenschaft. Köln: I.S.M.P.S. e.V., 2003.
(376 páginas/Seiten, só em alemão/nur auf deutsch)
ISBN 3-934520-03-0
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