Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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No. 81 (2003: 1)
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IMMIGRATIONSFORSCHUNG IN KULTUR- UND MUSIKWISSENSCHAFT
Antonio Alexandre Bispo
Pesquisa da imigração nas ciências da cultura e da música Antonio Alexandre Bispo Apesar de todas as relações existentes, deve-se fazer distinção
conceitual entre processos migratórios e imigratórios nos estudos
científicos da cultura e na musicologia. O conceito de migração
pode, de fato, ser usado na denominação geral de deslocamentos
humanos, incluindo também imigrações. Na atualidade, devido à
crescente mobilidade, aos movimentos de exilados e fugitivos,
entre outros, torna-se difícil muitas vezes determinar se e quando
a movimentação de grupos ou de indivíduos de uma região a outra
deve ser denominada de imigração. Apesar disso, é conveniente,
sobretudo na análise cultural, empregar o complexo conceitual
com a máxima sensibilidade diferenciadora, fazendo-se distinção
crítica entre migrações, emigrações, imigrações, transmigrações,
remigrações e outros termos, de acordo com a situação contextual
adequada. Esses conceitos exigem que se considere, por exemplo, se a mudança
local é provisória ou se pretende ser definitiva, se a sua consideração
deve ser feita a partir da posição da sociedade abandonada ou
da perspectiva da sociedade receptora. Para a pesquisa da cultura,
essa distinção é particularmente significativa, pois ela tem a
ver com questões da identidade cultural e indica processos culturais
que freqüentemente exigem tratamentos e formas diferenciadas de
observação. Além do mais, cumpre fazer-se distinção entre pesquisa
de migrações, emigrações e imigrações e o estudo do deslocamento
de grupos e indivíduos, e da mobilidade em geral. Sob o ponto
de vista culturológico, por exemplo, não se pode estudar a escravidão
africana sob o aspecto do conceito de migração, pois seria totalmente
inadequado tratar desse trágico problema a partir do emprêgo de
análoga perspectiva sob a qual se analisa a imigração européia
ao Brasil. Também deve-se fazer distinção entre a pesquisa da
imigracão e a pesquisa do colonialismo: Colonias não são necessariamente
formadas por imigrantes e imigrantes não precisam necessariamente
constituir colonias. O significado e a necessidade dessas diferenças conceituais são
particularmente evidentes na análise cultural em país como o Brasil.
Sob o termo migração estuda-se em geral movimentos de indivíduos
e grupos de uma região a outra, por exemplo do Nordeste à Amazonas
no século XIX ou às grandes cidades do Sul no século XX. O conceito
indica que essas pessoas se encontravam em processo migrante,
relacionando-se com a noção de deslocação temporária e alta instabilidade.
Quando se deslocavam com o intuito de estabelecimento definitivo,
então são denominados mais precisamente de imigrantes. Em geral,
o termo imigrante é utilizado sobretudo para a designação de europeus
e asiáticos que vieram para o Brasil por motivos econômicos no
decorrer dos séculos XIX e XX e que abandonaram definitivamente
os seus países natais. Raramente surge o termo para a designação
de cientistas, artistas e intelectuais estrangeiros que se estabeleceram
nas grandes cidades, mesmo que muitas vezes tenham alcançado posições
de liderança nas colonias de imigrantes locais. O conceito de imigrante tem conotações de valor difíceis de serem
determinadas. Aqui desempenha um certo papel a idéia de que o
imigrante pertence a uma corrente imigratória, que, entretanto,
não necessita ser contínua. O conceito, dessa forma, ainda que
dirigido a indivíduos particulares, é visto sob um pano de fundo
de movimentação coletiva, em geral determinada pela necessidade.
De significado para a análise cultural é a relação da terminologia
específica com noções de mudança e transformação. Com isso, sugere-se
um direcionamento das pesquisas correspondentes, diferenciando-as
de outros campos de investigação, por exemplo daqueles dos estudos
coloniais e pós-coloniais. No centro das atenções coloca-se o
movimento em si, o processo de deslocamento, as suas pré-condições
e conseqüências: estudos de caminhos de viagens, de contingências
da rota, dos problemas psicológicos e sócio-culturais dos viajantes,
das formas de vida durante a viagem e nos campos de acolhimento
no país hospedeiro, das formas de distribuição na nova terra,
dos aspectos sócio-culturais do caminho até o ponto definitivo
do alojamento e outros. A reflexão teórico-cultural dirige-se assim às transformações
das formas culturais e de vida, aos processos de adaptação e de
mudança de perspectivas antes da fixação na nova terra ou à superação
psicológica da emigração ou da imigração. As primeiras impressões
da nova terra antes da aclimatação, quando tudo ainda é novo e
estranho, exigem particular atenção. Nesse complexo temático trata-se
assim, em primeiro lugar, da pesquisa de formas de vida e de cultura
em situações existenciais caracterizadas particularmente por incertezeas,
instabilidades, tristezas, receios, mas também por ousadias e
esperanças. A fragilidade existencial, a consciência de "estar a caminho"
caracterizam os estudos de migração em geral. Cartas e relatos
de viagem constituem naturalmente fontes de valor de estudos histórico-culturais
de emigração e imigração. Esses documentos fornecem bases para
estudos das primeiras impressões da natureza e da cultura do país
em fase inicial do processo de adaptação. Análises cuidadosas
de textos possibilitam conclusões relativas às diversas perspectivas
e interpretações da realidade da época e do contexto cultural
do observador. Entretanto, deve-se levar em consideração que a
literatura de viagens - e a pesquisa de viagens em geral - não
faz parte exclusiva do campo de estudos da migração, uma vez que
os seus autores nem sempre foram imigrantes. Há, é verdade, uma
literatura específica da Emigração e Imigração, constituída por
exemplo de apologias e críticas. A pesquisa cultural da imigração pode dedicar-se à análise de
paradigmas históricos e míticos da Antiguidade ou de modêlos correspondentes
da Hagiografia e da História da Igreja. O estudo da Odisséia pertence
a esse campo de estudos e àquele da pesquisa dos processos colonizadores.
Deve-se estudar a possível presença e a atualidade desses modelos
de pensamento no imaginário dos imigrantes. Lendas, romances,
baladas e outras formas narrativas desempenham, assim, papéis
de relêvo na pesquisa específica. O motivo do "estar a caminho"
pode ser analisado em formas de expressão cultural, em danças
e manifestações lúdicas. Dentre os temas da pesquisa musicológica da imigração surgem como
de particular importância o levantamento e análise funcional dos
instrumentos musicais trazidos pelos imigrantes. O significado
dessas pesquisas é considerável, uma vez que os instrumentos musicais,
na sua maioria de fácil porte e sem muito valor material, passaram
a determinar a prática de execução na nova terra. Improvisações
e adaptações resultaram, assim, de contingências. Justamente a
investigação das mudanças no emprêgo de instrumentos musicais
e de sua substituição por outros sob as novas condições pode contribuir
ao esclarecimento de questões relativas à transformação de tradições
musicais e do surgimento de novos desenvolvimentos culturais. [...] (Trechos resumidos da conferência)
Zwischen Migrationen und Immigrationen ist in der kultur- und
musikwissenschaftlichen Forschung trotz aller begrifflicher Beziehungen
zu unterscheiden. Migration kann zwar als allgemeine Bezeichnung
für Wanderungen aufgefaßt werden, die auch Einwanderungen miteinschließen.
Auch ist in der Gegenwart wegen wachsender Mobilität, Flüchtlingsbewegungen,
Vertreibungen u.a. zuweilen schwer zu bestimmen, ob und ab wann
Bewegungen von Gruppen oder Individuen von einer Region in eine
andere als Einwanderung zu bezeichnen sind. Dennoch ist es gerade
für die Kulturanalyse geboten, möglichst differenziert mit dem
Begriffkomplex umzugehen und zwischen Wanderungen, Auswanderung,
Einwanderung, Zuwanderung, Rückwanderung u.a. Termini kritisch
und kontextbezogen zu unterscheiden.
Diese Bezeichnungen deuten etwa darauf hin, ob eine Ortsveränderung
befristet oder definitiv intendiert ist und ob die Betrachtung
aus der Position der verlassenen oder der aufgenommenen Gesellschaft
erfolgt. Für die Kulturforschung ist diese Unterscheidung deshalb
besonders bedeutsam, weil sie mit Fragen der Kulturidentität zusammenhängt
und auf kulturelle Prozessen hindeutet, deren Untersuchung häufig
unterschiedliche Betrachtungsweisen erfordert. Darüberhinaus sind
in der Kulturwissenschaft Untersuchungen von Migrationen, Emigrationen
und Immigrationen auch von der Erforschung anderer Bewegungen
von Gruppen und Menschen - wie Aussiedlung, Umsiedlung, Vertreibung
- sowie der Mobilität im allgemeinen zu unterscheiden. Kulturgeschichtlich
können beispielsweise die Sklaven, die in großer Zahl von Afrika
nach Amerika gebracht wurden, nicht unter dem Aspekt der Migration
betrachtet werden, ohne sie in ungebührlicher Weise unter derselben
Perspektive wie die europäischen Einwanderer zu behandeln. Auch
ist Immigrationsforschung von der Kolonialforschung zu unterscheiden.
Kolonien brauchen nämlich nicht von Einwanderern gebildet worden
zu sein und Einwanderer müssen nicht unbedingt Kolonien bilden.
Die Bedeutung und die Notwendigkeit dieser begrifflichen Differenzierungen
in der Kulturanalyse sind in einem Land wie Brasilien besonders
ersichtlich. Unter Migrationen werden im allgemeinen Bewegungen
von Menschen und Gruppen von einer Region in die andere, so z.B.
aus dem Nordosten zum Amazonas im 19. Jahrhundert und in die großen
Städte des Südens im 20. Jahrhunderts, bezeichnet. Der Begriff
weist darauf hin, daß diese Menschen sich in Wanderung befanden,
und ist mit der Vorstellung von temporärer Ortsveränderung und
somit höherer Instabilität verbunden. Wenn sie mit der Absicht
kommen, sich entgültig niederzulassen, dann werden sie auch als
Immigranten bezeichnet. Als Immigranten werden in erster Linie
europäische und asiatische Einwanderer angesehen, die im Verlaufe
des 19. und 20. Jahrhunderts aus wirtschaftlichen Gründen und
endgültig ihre angestammten Länder verlassen hatten. Selten wird
der Begriff für ausländische Wissenschaftler, Künstler und Intellektuelle
angewendet, die sich in den großen Städten niederließen, auch
wenn sie vielfach führende Positionen in den jeweiligen Kolonien
eingenommen haben. Der Begriff Einwanderer ist also mit wertenden
Konnotationen behaftet, die allerdings schwer zu erfassen sind.
Die Vorstellung, daß der Einwanderer zu einer - nicht notwendigerweise
kontinuierlichen - Einwanderungswelle gehört, spielt eine Rolle
dabei. Damit wird die Bezeichnung Einwanderer, auch wenn sie auf
einzelne Individuen bezogen wird, offenbar vor dem Hintergrund
einer kollektiven Bewegung gesehen, die meist durch Notwendigkeit
bedingt ist.
Bedeutsam für die Kulturanalyse ist der Bezug der Terminologie
auf Wechsel und Veränderung. Damit wird eine Richtung der entsprechenden
Untersuchungen suggeriert, die sie von anderen Forschungbereichen
- wie der Kolonial- und Postkolonialstudien - unterscheiden läßt.
In den Mittelpunkt der Aufmerksamkeit tritt dementsprechend die
Bewegung selbst, der Prozeß der Ortsveränderung, seine Vorbedingungen
und Konsequenzen. Studien der Reisewege, der Reisebedingungen,
der psychologischen und soziokulturellen Probleme der Reisenden,
der Kultur- und Lebensformen während der Reise und in den Aufnahmelagern,
der Verteilungsmodalitäten im neuen Land, soziokulturelle Aspekte
des Weges bis zum Reiseziel und in der ersten Zeit nach der Ankunft
sind durchzuführen.
Die kulturtheoretische Auseinandersetzung richtet sich dementsprechend
auf Veränderungen der Kultur- und Lebensformen, auf Vorgänge der
Anpassung an die Bedingungen und auf Wechsel von Perspektiven
vor der Seßhaftigkeit bzw. der psychologischen Bewältigung der
Aus- und Einwanderung. Die ersten Eindrücke des Aufnahmelandes
vor der Akklimatation, wenn alles neu und fremd ist, verlangen
besondere Aufmerksamkeit. Es geht bei diesem Themenkreis somit
in erster Linie um die Erforschung von Kultur- und Lebensformen
in existentiellen Situationen, die besonders von Unsicherheit,
Instabilität, Trauer, Furcht, aber auch Wagemut und Hoffnung gekennzeichnt
sind.
Diese existentielle Fragilität, dieses Bewußtsein des "Auf-dem-Weg"-Seins,
prägt Migrationsstudien im allgemeinen. Briefe und Reiseberichte
gehören naturgemäß zu den wertvollsten Quellen kulturhistorischer
Studien der Emigration und Immigration. Aus ihnen läßt sich besonders
auf die ersten Eindrücke von Natur und Kultur eines Landes während
der Phase der Fremdheit schließen. Differenzierte Textanalysen
erlauben zudem Aufschlüsse über die unterschiedlichen Sichtweisen
und Deutungen der Realität nach Zeit und kulturellem Kontext des
Beobachters. Allerdings ist zu beachten, daß Reiseberichtsliteratur
und somit eine Erforschung des Reisens im allgemeinen nicht unbedingt
zur Migrationsforschung gehören müssen, da die Reisenden nicht
immer Aus- und Einwanderer waren. Es gibt allerdings eine spezifische
Literatur der Emigration und Immigration, die auch aus z.B. Apologien
und Kritiken der Aus- und Einwanderung besteht.
Die Kulturforschung der Immigration kann sich der Analyse von
historischen und mythischen Paradigmen der Antike oder entsprechenden
vorbildhaften Darstellungen der Hagiographie und der Kirchengeschichte
widmen. Die Auseinandersetzung mit der Odyssee gehört eher zu
diesem Forschungsbereich als zu dem der Kolonisation. Präsenz
und Wirksamkeit solcher Denkmuster in der Vorstellungswelt der
Aus- und Einwanderer sind dabei zu untersuchen. Legenden, Romanzen,
Balladen und sonstige narrative Überlieferungen spielen dementsprechend
in der Forschung eine bedeutende Rolle. Das Motiv des Auf-dem-Weg-Seins
kann auch in Darstellungsweisen, in Spielen und Tänzen untersucht
werden.
Zu den Themen einer Musikforschung der Immigration gehört die
Erhebung und Funktionsanalyse der von den Einwanderern mitgebrachten
Musikinstrumente. Die Bedeutung solcher Untersuchungen ist beachtlich,
da die Musikinstrumente - die meist tragbar und von nicht allzu
großem materiellen Wert waren - die Musikpraxis bestimmten, die
in die Fremde eingeführt wurde. Improvisationen und Adaptationen
in der Aufführungs- und Vortragspraxis ergaben sich aus den Kontingenzen.
Gerade die Erforschung von Veränderungen beim Einsatz von Musikinstrumenten
und ihres Ersatzes unter den neuen Bedingungen kann zur Klärung
von Fragen der Neugestaltung von Musiktraditionen und neuer musikalischer
Entwicklungen beitragen.
Die Immigrationsforschung in der Musikwissenschaft stützt sich
aber vorwiegend auf die mündliche Überlieferung und somit auch
auf das Gedächtnis. Dieser Forschungsbereich setzt sich somit
verstärkt mit der Historiographie der Einwanderer auseinander.
Die Erinnerung an das Verlassen der alten Heimat, die Unwegbarkeiten
und Gefahren der Reise und die Schwierigkeiten bei der Ankunft
im Aufnahmeland werden häufig besungen und in Schauspielen verarbeitet,
die Tanzeinlagen einschließen und mit Musik begleitet werden.
Theoretisch lassen sich in der musikwissenschaftlichen Forschung
vor allem die Probleme behandeln, die mit der Idee eines vermeintlich
einheitlichen Kulturpatrimoniums der eingewanderten Gruppe zusammenhängen.
Diversitäten treten im allgemeinen auf der Seite sowohl des aufnehmenden
Kulturraumes als auch der Eingewanderten zugunsten von Stereotypen
zurück. Lieder, Stile, Musikinstrumente und Tanzformen können
zur Entstehung einer Unterschiede nivellierenden, statischen,
a-historischen Sicht der eigenen und fremden Kultur beitragen.
Anpassungsvorgänge, die äußere Adaptationen und Entstehung privater,
geheimer Kulturräume bedingen, treten dabei in den Vordergrund
des Forschungsinteresses.
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© Foto: H. Hülskath, 2002 - Archiv A.B.E.-I.S.M.P.S.
Da publicação:/Aus der Veröffentlichung:
Musik, Projekte und Perspektiven. A.A. Bispo u. H. Hülskath (Hgg.).
In: Anais de Ciência Musical - Akademie Brasil-Europa für Kultur-
und Wissenschaftswissenschaft. Köln: I.S.M.P.S. e.V., 2003.
(376 páginas/Seiten, só em alemão/nur auf deutsch)
ISBN 3-934520-03-0
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