Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006
nova edição by ISMPS e.V.
Todos os direitos reservados
»»» impressum -------------- »»» índice geral -------------- »»» www.brasil-europa.eu
No. 79 (2002: 5)
Entidades promotoras Direção geral |
||||||
© Foto: H. Hülskath, 2002 Archiv A.B.E.-I.S.M.P.S. |
Relato do
CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESTUDOS EURO-BRASILEIROS 2002
Preparativos, Concepção, Temática
O Congresso Internacional de Estudos Euro-Brasileiros 2002 encerrou
o triênio de estudos e pesquisas pela passagem dos 500 anos do
descobrimento do Brasil dirigido pela Academia Brasil-Europa de
Ciências da Cultura e da Ciência (A.B.E.) conjuntamente com o
Instituto de Estudos da Cultura Musical para o Mundo de Língua
Portuguesa (I..S.M.P.S. e.V.) e o Instituto Brasileiro de Estudos
Musicológicos (I.B.E.M.). Os eventos do triênio foram apoiados
por órgãos oficiais, comissões comemorativas do Descobrimento,
universidades e institutos superiores, museus, emissoras radiofônicas,
fundações culturais, organizações não-governamentais, instituições
particulares, instâncias eclesiásticas de diversas confissões,
comunidades indígenas, orquestras, coros, conjuntos instrumentais,
grupos de pesquisadores e intelectuais.
Sala do Índio, Itamaraty, Rio de Janeiro
© Foto: H. Hülskath, 2002-Archiv A.B.E.-I.S.M.P.S.
O plano de um evento de grandes dimensões pelo quinto centenário
das relações históricas entre a Europa e o Brasil pela passagem
do milênio foi desenvolvido a partir do congresso internacional
realizado no Rio de Janeiro, em 1992, ano do V° Centenário do
Descobrimento da América e da conferência do meio ambiente. Desde
então foram iniciados os trabalhos preparatórios em vários estados
brasileiros. Os projetos e temas foram discutidos em reuniões
realizadas no Brasil, na Alemanha e em Portugal. Segundo o projeto
original, os eventos do ano 2000 deveriam vir a ser realizados
em forma de um "congresso flutuante" no Amazonas, com colóquios
em várias cidades dos estados do Amazonas e do Pará. Em 1993 e
em 1994 foram, assim, efetuados contactos para o planejamento
do evento com órgãos e instituições de Manaus e de Belém.
O triênio deveria abranger o período de 1999 a 2002, começando
na véspera do ano comemorativo e acompanhando a passagem do século
com reflexões e estudos críticos e construtivos. Após trabalhos
preparatórios, a abertura oficial do triênio teve lugar com o
Congresso Internacional "Brasil-Europa 500 Anos: Música e Visões",
realizado em Colonia e em Bonn sob o patrocínio da Embaixada do
Brasil. O seu encerramento, no dia comemorativo da independência
do Brasil, a 7 de setembro de 1999, na recepção oferecida pela
Embaixada do Brasil em Bad Godesberg, foi, ao mesmo tempo, início
dos trabalhos dos anos seguintes. Os materiais do Congresso, publicados
imediatamente após o seu encerramento, serviram de base para os
estudos e as reflexões subseqüentes.
No ano 2000, realizou-se, em Colonia, pela A. B..E., um colóquio
no âmbito das comemorações internacionais de J. S. Bach e Albert
Schweitzer. Esse evento teve dois objetivos: promover estudos
de problemas relativos aos vínculos entre Cultura e Natureza pela
passagem do milênio e reativar a discussão a respeito do Barroco
e do Movimento Bach na Europa e no Brasil. Ambos complexos temáticos
inseriram-se na tradição de pensamento da A.B.E.. Nesse plano,
a discussão dos trabalhos apresentados no congresso internacional
do ano anterior deveria ser levada à frente sob a perspectiva
teórica dos vínculos existentes entre as ciências humanas, a filosofia
da cultura e a ecologia.
De 9 a 11 de fevereiro de 2001 teve lugar o Colóquio Brasil 2001.
O seu objetivo foi o de discutir a situação dos estudos transnacionais
relativos a questões culturológicas no início do novo século.
Entre outros, foram tratados os seguintes temas: o trabalho internacional
da Deutsche Welle; a musicologia na era da informação; os caminhos
da música popular brasileira no século XXI; o estado da investigação
da história da mídia nas relações internacionais entre a Europa
e o Brasil; a questão do Africano na arte e na cultura; as relações
entre a Rússia e o Brasil e a necessidade científica de novas
reflexões a respeito do Barroco.
De 1 a 3 de fevereiro de 2002 realizou-se, em Colonia, sob o patrocínio
de S.E. o Embaixador de Portugal, o colóquio internacional dedicado
ao tema "Dimensões Européias da Cultura Musical Portuguesa". Entre
outros, foram tratados os seguintes temas: Porto como Capital
Européia da Cultura; a gnoseologia e o estudo da cultura do mundo
de língua portuguesa; a dimensão européia da música para teclado
portuguesa dos séculos XVIII e XIX; a dimensão européia da polifonia
portuguesa dos séculos XVI e XVII; a guitarra portuguesa como
emblema; as relações supranacionais do villancico português; os
sistemas autoritários e música nacional, o espaço na música do
presente e a música no filme português.
Preparativos
Em março de 2002 realizaram-se as sessões preparatórias do congresso
internacional na sede do Instituto Brasileiro de Estudos Musicológicos.
Com a participação de representantes de entidades co-organizadores
da parte do congresso a ser realizada no Rio Grande do Sul, foram
discutidos complexos temáticos e aspectos da programação científica
e artística. Na Casa da Reconciliação, em São Paulo, efetuou-se
um encontro de trabalho com representantes da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil. Em Bragança Paulista, a Fundação de Ensino
Superior organizou uma reunião de seus professores para a discussão
dos eventos planejados na região. Nessa cidade, foram ainda contactadas
outras instituições, entre elas a Faculdade São Francisco e a
Casa da Cultura Demétrio Kipmann.
Uma série de eventos do congresso fora idealizada para ser levada
a efeito no Estado de Goiás, substituindo a programação prevista
para o Norte do Brasil. Com essa finalidade, foram efetuados contactos
com órgãos e institutos universitários de Goiânia. Infelizmente,
por motivo de modificações imprevistas na direção de organismos
locais, os planos tiveram de ser suspensos.
De 12 a 14 de julho de 2002 teve lugar, em Colonia, em cooperação
com o Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia, um
colóquio dedicado ao tema "Europa e o Universo Sonoro dos Indígenas".
Entre outros, foram tratados os seguintes ítens: o tema da ação
2002 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; os mecanismos
de instituição de paz social entre os Krahô; as culturas musicais
das Guianas e a problemática das sistematizações européias de
instrumentos musicais indígenas.
Concepção
O Congresso de Estudos Euro-Brasileiros 2002 foi um evento sui-generis
pelo seu histórico, pelo contexto temporal como término de um
triênio a ser desenvolvido na Europa e no Brasil, pelas suas dimensões
e pelos seus princípios de organização. O congresso foi concebido
desde o início para ser um evento decentralizado. Segundo o programa
definitivo, o congresso compreendeu sessões em três diferentes
estados brasileiros, a saber: Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio
de Janeiro. Os resultados de cada sessão foram discutidos nas
sessões seguintes.
Grupos folclóricos alemães, Nova Petrópolis
© Foto: H. Hülskath, 2002-Archiv A.B.E.-I.S.M.P.S.
No âmbito do congresso foram reservadas sessões para reflexões
vinculadas com o tema da Ação 2001 da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil: "Na procura de uma terra sem males". Similarmente
a eventos anteriores, essas sessões foram consideradas como partes
integrantes de um simpósio específico dentro do congresso global,
constituindo assim o "V° Simpósio Internacional "Música Sacra
e Cultura Brasileira". Esses trabalhos receberam o apoio da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil e da Universidade Evangélica da
Igreja de Confissão Luterana do Brasil (São Leopoldo).
O Congresso de Estudos Euro-Brasileiros 2002 foi concebido para
ser dedicado a questões científico-culturais de significado basal
para o futuro. No seu âmbito, deveriam ser discutidas iniciativas
que pretendem contribuir à construção do presente e do futuro.
Assim o congresso teve como um de seus primordiais objetivos o
de fortalecer rêdes de contactos de especialistas nos diversos
campos do saber, dinamizando-as. O congresso procurou manter uma
posição de máxima abertura e de amplas perspectivas em espírito
de solidariedade dos grupos que atuam no Brasil e na Europa.
Temática
A divisão geográfica do congresso teve como correspondência, na
sua organização, à determinação de três complexos temáticos, escolhidos
de acordo com a relevância atual dos problemas tratados nas diversas
regiões segundo o estado atual dos interesses nas ciências da
cultura e da ciência.
Domingos Krahô, Sessão em Joanópolis
© Foto: H. Hülskath, 2002-Archiv A.B.E.-I.S.M.P.S.
O primeiro complexo temático, tratado nas regiões de imigração
alemã do Sul do Brasil, não foi projetado para dedicar-se unicamente
aos projetos culturais e musicológicos da região, senão também
para considerar iniciativas didático-teóricas que pretendem contribuir
ativamente para o processo formador. A orientação do interesse
para questões e projetos pedagógicos foi favorecida pelo fato
de a organização regional do evento ter sido assumida pela Associação
Cante e Dance com a Gente (ACDG).
O segundo complexo temático, discutido em regiões de "Cultura
Caipira" no interior do Estado de São Paulo, foi dedicado ao tratamento
de projetos atuais de natureza científico-cultural e musicológica
voltados a questões de interesse para a problemática relacionada
com provincialidade, ruralidade e marginalização de grupos populacionais
do interior. As atenções voltaram-se às iniciativas de cunho identificatório
dedicadas à valorização da cultura caipira. Dando continuidade
a trabalhos anteriores desenvolvidos pela A.B.E. e pelo I.B.:E.M.,
sobretudo no colóquio de antropologia simbólica levado a efeito
na região, em 1998, as discussões foram dirigidas sobretudo a
questões da interação entre as sociedades rurais e tribais. Como
o encontro de grupos indígenas com a cultura dos "brancos" ocorre
sobretudo na forma de uma confrontação de sociedades tribais e
a cultura rural do interior - desvalorizada como provincial (cultura
sertaneja) -, a atenção foi voltada sobretudo aos mecanismos da
transformação de identidade cultural colocados em ação sob o ponto
de vista da ordenação simbólica da sociedade hegemônica e a daquela
contactada. A organização local do congresso foi possibilitada
pelo apoio de diversas cidades, de órgãos oficiais e de grupos
regionais e locais, de instituições e da Fundação de Estudos Superiores
de Bragança Paulista.
A participação de indígenas das culturas Krahô e Xerente foi possibilitada
através de pessoas que há muito vivem entre eles, sobretudo através
de Sílvia Wewering e Valber Dias.
O terceiro complexo temático foi tratado na região litorânea entre
o Estado de São Paulo e o Rio de Janeiro e teve como intuito o
estudo de questões relativas à "cultura caiçara". Também aqui
deu-se prosseguimento aos trabalhos anteriores da A.B.E. e do
I.B.E.M. nessa região. A atenção foi dirigida a questões de diferenças
de identidade cultural entre o interior e o litoral, a vias de
comunicação em terra e mar numa topografia e urbanística da história
cultural. A partir daqui foram tratados problemas de contextos
e relações entre memória de grupos coletivos e uma concepção de
musicologia e de ciência cultural dirigida segundo a história
das mentalidades. Tratou-se, assim, mais uma vez na história dos
eventos da A.B.E., de dirigir a atenção dos estudiosos a aspectos
da cultura popular e do quotidiano, assim como às possibilidades
de resignificação de práticas culturas tradicionais sob a perspectiva
de construção do futuro.
A organização dessa parte do congresso na região foi possibilitada
pela curadoria do I.B.E.M., sob a direção da Dra. Neide Carvalho,
pela Associação de Folclore e Artesanato do Guarujá, sob a direção
da Baronesa Dra. Esther dAlmeida Karwinsky, e pelo apoio concedido
pelos municípios de Guarujá, Bertioga e Paraty.
As sessões finais do congresso tiveram lugar no Rio de Janeiro.
Elas foram realizadas em encontros no Museu do Índio da FUNAI,
no Mosteiro de São Bento e no Museu de História Diplomática do
Palácio do Itamaraty. Reuniões e trocas de idéias dos congressistas
com especialistas locais e representantes de órgãos oficiais foram
realizadas no Hotel Glória. Nesses encontros foram discutidos
os trabalhos realizados nas sessões anteriores do congresso e
delineados projetos para o futuro.
Concerto Alma Barroca, Maria Bragança
Theatro São Pedro, São Paulo
© Foto: H. Hülskath, 2002-Archiv A.B.E.-I.S.M.P.S.
Da publicação:/Aus der Veröffentlichung:
Musik, Projekte und Perspektiven. A.A. Bispo u. H. Hülskath (Hgg.).
In: Anais de Ciência Musical - Akademie Brasil-Europa für Kultur-
und Wissenschaftswissenschaft. Köln: I.S.M.P.S. e.V., 2003.
(376 páginas/Seiten, só em alemão/nur auf deutsch)
ISBN 3-934520-03-0
Pedidos com reembolso antecipado dos custos de produção e envio
(32,00 Euro)
Bestellungen bei Vorauszahlung der Herstellungs- und Versandkosten
(32,00 Euro):
ismps@ismps.de
Deutsche Bank Köln (BLZ 37070024). Kto-Nr. 2037661
Todos os direitos reservados. Reimpressão ou utilização total
ou parcial apenas com a permissão dos autores dos respectivos
textos.
Alle Rechte vorbehalten. Nachdruck und Wiedergabe in jeder Form
oder Benutzung für Vorträge, auch auszugsweise, nur mit Genehmigung
der Autoren der jeweiligen Texte.