Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 19 (1992: 5)


 

DISCURSO DE ABERTURA DOS TRABALHOS DO
III° SIMPÓSIO INTERNACIONAL "MÚSICA SACRA E CULTURA BRASILEIRA"

Mons. Prof. Dr. Johannes Overath
Preside honorário do Istituto Pontificio di Musica Sacra, Roma
Presidente da Consociatio Internationalis Musicae Sacrae, Roma
(Trad. A. A. Bispo)

(Excertos)

 

Eminência, Excelências, Senhoras e Senhores,

é para mim uma grande honra e ao mesmo tempo uma grande satisfação poder unir a minha mais cordial saudação a todos os presentes, neste momento da abertura do Terceiro Simpósio Internacional "Música Sacra e Cultura Brasileira", com algumas palavras a respeito dos fundamentos espirituais do nosso trabalho.

O nosso tema situa-se, em grande contexto, no espírito da Constituição Pastoral do Concílio Vaticano Segundo, na qual a Igreja manifesta a sua estreita união com toda a família da Humanidade. Essa união é expressamente ressaltada já nas palavras iniciais dessa Constituição:
"Alegria e Esperança, Tristeza e Receio dos Homens de nosso tempo, em particular dos pobres e dos oprimidos de todo o tipo, são também hoje Alegria, e Esperança, Tristeza e Receio dos apóstolos de Cristo, e não há nada verdadeiramente humano que não encontre ressonância nos seus corações."

  In un telegramma firmato dal Sostituto della Segreteria di Stato, Mons. Giovanni Battista Re, Papa Giovanni Paolo II ha lodato questa iniziativa per la promozione della musica sacra nell'ambito della cultura musicale brasiliana. Il Papa ha espresso l'auspicio che tale iniziativa contribuisca agli objettivi della musica sacra secondo lo spirito del Vaticano Secondo, a gloria di Dio e santificazione dei fedeli.

(Osservatore Romano, 29 .07.92)

 

 

Unidos em amor com toda a família humana, a Igreja está disposta a participar de um colóquio sobre todas as questões, mesmo as graves e difíceis, como aquelas concernentes ao "desenvolvimento do mundo atual, à situação e às tarefas do homem no universo, ao sentido de sua criação como personalidade individual e em comunidade com outros, e por fim ao mais alto objetivo das coisas e dos homens."

O último Concílio "professa a alta vocação do Homem" e acentua que "nele está algo depositado como uma semente divina" e por isso "oferece a sincera colaboração da Igreja à totalidade do genêro humano na edificação da comunidade fraternal de todos aqueles que correspondem a essa vocação." Nesse intento, assim como nos séculos passados, a Igreja também hoje não é definida pela vontade de Poder terreno, mas somente por aquela de prosseguir a obra de Cristo, guiada pelo Espírito Santo, o Consolador, obra Daquele que veio ao mundo para dar testemunho da Verdade e para salvar, não para julgar, para servir, não para ser servido. (Cf. VGL Jo 18,37; 3,17; Mt 20,28; Mk 10,45).

Em vista da decadência geral de valores, da miséria em massa de muitos países não-industrializados e da ameaça da paz mundial poderia parecer compreensível que, em confronto com os esforços primordiais pelo Bem e pelo Verdadeiro no mundo, se deixasse a um segundo plano a teoria e a prática do Belo na arte, sobretudo na música.

Entretanto, nesse descuido pelo Belo no seu anúncio e no culto a Igreja correria com o tempo o perigo de se reduzir a uma "sociedade de trabalho ético-político" e a uma "instituição moral". A fé e os mistérios litúrgicos da Igreja necessitam porém as diversas artes, entre as quais " a música herdada pela Igreja universal representa uma riqueza de inestimável valor, distinta de todas as outras formas de expressão artística sobretudo pelo fato de, como canto litúrgico unido à palavra, representar parte integrante e necessária da liturgia solene" (SC 112). As artes são espelho dos processos vitais internos da Igreja; dessa sua essência mais profunda resulta que a sua existência na Igreja é uma necessidade intrínseca (Abade Ildefons Herwegen).

A Igreja possui no seu culto divino o seu mais precioso tesouro, ou seja o de proteger o real mistério de Cristo no respeito que lhe é devido. A música em sí, também como parte da liturgia, está sujeita, como obra humana, a muitos perigos, como o demonstra a sua história; aquí um possível perigo de ser influenciada pelo pensamento de l'art-pour-l'art, alí uma certa despreocupação quanto a tendências profanas, a sua fraqueza quanto a modismos, sendo que mesmo certos vícios na execução musical perturbam a solenidade litúrgica. Apesar de tudo, a sua finalidade representa perenemente uma obrigação: a da unidade espiritual da palavra litúrgica e do som, a da interpretação carismática e a da expressão do conteúdo como oração da Igreja, como palavra de Deus, como o "gratias agimus Tibi propter magnam gloriam Tuam", que jamais se silenciará.

O problema mais difícil concernente à cultura musical sagrada na Igreja pós-conciliar coloca-se naqueles países que possuem um patrimônio musical próprio. Segundo os ensinamentos do Concílio Vaticano Segundo, "a essa música deve ser dado apreço que lhe compete e o espaço apropriado, tanto na formação do senso religioso desses povos como também na adaptação da liturgia segundo as suas características" (SC 119).

No seu Breve "Jubilari feliciter", de vinte e cinco de maio de mil novecentos e oitenta, festa de Pentecostes, dirigido ao Joseph Cardeal Höffner por ocasião do Sétimo Congresso Internacional de Música Sacra em Bonn, o Papa João Paulo Segundo lembrou dessa importante tarefa: "Toda a cultura humana pôde encontrar formas nobres de expressão, o que vale também para a música; por isso, tanto no terreno das disciplinas de estudo, como também no campo da pastoral deve-se procurar partir de fundamentos sólidos, que correspondam além do mais aos valores verdadeiros nas diversas tradições musicais."

(...)

Com o presente simpósio temos a intenção sobretudo de refletir juntamente com os Senhores a respeito da realização de um programa de pesquisas concernente às culturas musicais indígenas nas regiões amazônicas mais sujeitas a transformações na atualidade.

Com esse projeto desejamos dedicar-nos ao esclarecimento de questões fundamentais relativas à compreensão indígena dos fenômenos musicais. A esse objetivo liga-se o desejo de aprofundar os nossos conhecimentos da cultura musical na sua diversidade e investigar os seus fundamentos para uma eventual recuperação da própria riqueza, no caso, da riqueza dos povos indígenas.

(...)

Nesse sentido desejo ao Simpósio que hoje se abre um trabalho produtivo que leve a resultados concretos e frutificantes.

 

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