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N° 16 (1992: 2)


 

"AMÉRICA DO SUL ENTRE O PARANÁ E O RIO DE LA PLATA" DE JIRÍ HANZELKA E MIROSLAV ZIKUND (1956)
SÜDAMERIKA: ZWISCHEN PARANÁ UND RIO DE LA PLATA
(Berlin 1956)
(Título original: TAM ZA REKOU JE ARGENTINA, Praga)

 

Excertos

Entre as obras originalmente publicadas em outros idiomas e divulgadas em tradução alemã do período pós-guerra cumpre citar este relato tcheco de uma viagem de automóvel pela Argentina e Sul do Brasil.

"Entretanto, apesar de todo o entusiasmo e otimismo, as primeiras sombras caem [sobre o observador] quando ele observa a vida cultural. São Paulo possui um grande número de cinemas, muitos dos quais de grande luxo. Dos frontispícios dos maiores deles na Avenida Ipiranga irradiam centenas de milhares de Watt e uma cascata de luzes neon nas ruas noturnas. Inutilmente, porém, o visitante procurará uma sala de concerto com público à altura; e isso numa cidade com um milhão e oitocentos mil habitantes. Há meios, mas não há interesse... E onde há interesse, não há dinheiro." (op.cit. 283)

A obra inclui um capítulo dedicado ao carnaval, em especial às escolas de samba, de título "Revolução de canções e danças": (op.cit. 335 ss.)

"Nas últimas semanas antes do carnaval toda a cidade assemelha-se a uma escola de samba. Treina-se nos parques, nos bondes, nos onibus, nas salas de espera de estações, nas salas de jogo, nas portas das casas e nas ruas. A maior parte dos músicos e cantores não sabe ler música, muitos deles não sabem nem ler e escrever. Um aprende do outro, de ouvido, com o coração, completa e melhora ou inventa textos novos, novas melodias, que conquistarão como um rastilho de pólvora toda a cidade.// Por fim, a febre carnavalesca atinge o seu ponto crítico.// Os alto-falantes da Avenida São João transmitem sambas, um atrás de outro. Aviões de esporte cruzam sobre os arranha-céus e atiram metros-cúbicos de confete [...] No andaime de um 17° andar da Avenida S. João, pedreiros atiram com força o cimento na fachada de um arranha-céu, em rítmo de samba. Os cabelos nossos ficam em pé ao ver os seus movimentos de dança, que seguem o rítmo das melodias transmitidas pelos alto-falantes, e as síncopes, que retardam uma pequena parte de segundo; e tudo isso às alturas dos andaimes sobre as cabeças dos passantes aquí em baixo na rua..." (op.cit. 340)

 

 Brasilianischer Karneval: das ist das Ventil eines überhitzten Kessels, das Jahr für Jahr vier Tage und vier Nächte lang geöffnet ist. Der brasilianische Karneval ist eine ins Groteske übersteigerte Improvisation auf das Thema des afrikanischen Rhythmus, den das Land von dem schwarzen Drittel seine Bevölkerung übernommen hat, eine Synthese zwischen der Kultur der eingeborenen Indianer und dem unterdrückten Atavismus der Nachkommen spanischer und portugiesischer Abenteuerer. Brasilianischer Karneval heißt lachend den Mantel gesellschaftlicher Vorurteile und kleinbürgerlicher Hemmungen abwerfen, heißt ungehemmtes Bekenntnis zu allen erfüllbaren und unerfüllbaren Begierden, die während der übrigen dreihunderteinundsechzig Tage des Jahres am Pfahl der Klassengegensätze festgeschmiedet sind. Der brasilianische Karneval ist ein vulkanartiger Ausbruch ungehemmter Freude und unbändiger Lebenskraft.
Der Weiße will in dieser Zeit ein Schwarzer sein, der Schwarzer ein Weißer.

op. cit. 338

 

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