Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria
científica
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N° 14 (1991: 6)
Antonio Alexandre Bispo
(Excerto)
Em 1917, fundou-se em Viena, através de iniciativa de Heinrich Damisch, uma sociedade denominada Casa de Festivais de Salzburg (Salzburger Festspielhaus-Gemeinde), à qual pertencia Rosa Paumgartner-Papier, mãe de B. Paumgartner. O Reichspost de Viena, em 1918, anunciou a construção dessa Casa. A idéia tomou corpo em 1920, graças à atuação de M. Reinhardt (1873-1943), A. Roller (1864-1935) e H. v. Hofmannsthal (1874-1929). O escopo era "servir ao patrimônio clássico do mundo", esperando-se que pessoas de outras nações viesse alí procurar o "que não achariam facilmente em outro lugar". As nações deveriam conhecer-se naquilo que possuissem de mais elevado, não no trivial. Os iniciadores do Festival queriam "semear a paz espiritual". Martin Braunwieser vivenciou intimamente esta época preparatória dos Festivais de Salzburg, assistiu à sua inauguração e deixou-se influenciar pelas aspirações que guiavam a ação dos seus promotores, fato que se manifestou na sua composição "O Teatro do Mundo" (Spalato, 1923).
A crise econômica e sócio-política da Áustria levou Martin Braunwieser a abandonar Salzburg. Como outros colegas dessa primeira geração formada no Mozarteum, o jovem Martin Braunwieser entendeu a sua ação no Exterior como uma missão propagadora dos ideais clássico-humanistícos que haviam guiado a sua formação. A sua futura esposa, Tatiana Kipman, de origem russa, que muitíssimo colaboraria para a difusão da obra de Mozart no Brasil, teve os seus primeiros contactos com as aspirações revalorizadoras do Classicismo em cursos realizados em Abbazzia/Opatija (Croácia), então sob a influência da personalidade do musicólogo Carlo Perinello (1877-1942), aluno do renomado teórico S. Jadassohn (1831-1902).
A atuação de Martin e Tatiana Braunwieser em Atenas coincidiu com um período de renovação da vida musical grega, dirigida agora aos valores clássicos centro-europeus. Em 1925, D. Mitropoulos (1896-1960) assumiu a direção da Orquestra Estatal de Atenas (1925-1939). Nomeado a professor de flauta do Odeon, em 1926, Martin Braunwieser , juntamente com Tatiana, em fevereiro de 1927, tomou a si a iniciativa de organizar um concerto de flauta e piano. Este concerto incluiu a Fantasia em dó menor, de Mozart.
Ao lado desse empreendimento do casal cumpre porém salientar uma das maiores realizações musicais da Grécia dos anos 20 e na qual Martin Braunwieser tomou parte: a execução do Requiem de Mozart no Estádio de Olímpia (Foto abaixo).
No programa que marcou a estréia grega de Martin Braunwieser como compositor de cunho orientalista, levado a efeito em Atenas, no dia 3 de maio de 1928, foi incluída também uma composição de Mozart: a ária da Susana, do Figaro, cantada por Olga Lerche.