Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

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N° 14 (1991: 6)


 

SALZBURG, MOZARTEUM E BRASIL
- MARTIN BRAUNWIESER E O "ESPÍRITO DE MOZART" NO BRASIL-

Antonio Alexandre Bispo

(Excerto)

 

As circunstâncias econômico-sociais do difícil período do Pós-Guerra na Áustria explicam, em parte, o extraordinário espírito empreendedor que reinou nos anos de Martin Braunwieser no Mozarteum. Ele foi aluno de viola da classe do Prof. Schweyda e de flauta da classe do Prof. Anton Schöner. Participou de cursos de B. Paumgartner, que proferia conferências em história da arte e da música e que orientou a classe de música de câmara. Em junho/julho de 1919, no primeira manifestação pública do dinamismo de B. Paumgartner como diretor, Martin Braunwieser teve a oportunidade de vivenciar Die Hochzeit des Figaro, de W.A.Mozart. No dia 26 de fevereiro de 1919, Martin Braunwieser apresentou-se pela primeira vez com violista, sendo acompanhado pelo seu colega Erich Schenk (1902-1974). Este companheiro de Martin Braunwieser,também natural de Salzburg, tornou-se uma das mais destacadas personalidades da musicologia austríaca: doutorando-se em 1925 em Munique, fundou mais tarde o Instituto de Musicologia de Rostock, atuou na Universidade de Viena e publicou numerosas obras musicológicas, entre as quais os Monumentos da Arte Sonora da Áustria. Seria ao seu colega E. Schenk que Martin Braunwieser dirigiria a sua filha Renata para iniciar os seus estudos de Musicologia, em 1958/59.

Mozarteum Salzburg 1919
Concerto de término de estudos de Martin Braunwieser, 1919
Neste concerto de 26 de fevereiro de 1919, Martin Braunwieser participou também da execução do Quarteto em sol menor (K.V. 478) de W. A. Mozart. No Primeiro Concerto de Encerramento desse ano letivo, no dia 18 de junho, apresentou-se como solista do Concerto para Flauta em ré maior (K.V. 314), com cadências de J. Andersen (1847-1909), sendo altamente elogiado pela crítica pela sua "execução excelente, absolutamente livre de erros", "com muita e verdadeira instrospecção, limpeza e completo domínio de seu instrumento". Nas comemorações dedicadas aos 200 anos de nascimento de Leopold Mozart (1719-1787), em 1919, Martin Braunwieser apresentou-se como executante do Concerto em sol maior para flauta de W. A. Mozart. Como intérprete de obras de Mozart, Martin Braunwieser participou também em eventos de sociedades de amadores, como o realizado no dia 18 de dezembro, em St. Johann i. Pongau. No dia 24 de março de 1920, Martin Braunwieser participou, como violista, da execução do Quarteto em mi bemol maior, em Hallein. Quatro dias mais tarde, em 28 de março, ele voltou a se apresentar, desta vez como violista, em concerto de câmara realizado no Ginásio Municipal de Salzburg, cujo programa incluiu o Trio n° 2 em si bemol maior K.V. 502. Como membro da associação de estudantes do Mozarteum, M. Braunwieser tomou parte na execução do Trio em mi bemol maior K.V. 498, levada a efeito no dia 1 de julho de 1920.

O cultivo da obra de Mozart fez parte, em Salzburg, da própria consciência cultural da cidade. Independentemente dessa tradição, Martin Braunwieser vivenciou o despertar de interesses pela música do passado mais remoto, marcado publicamente pelo I Concerto de Música de Mestres Antigos, realizado no dia 19 de abril de 1921. Os vínculos entre a obra de Mozart, a música antiga e as mais atuais correntes da composição contemporânea, através da personalidade de Felix Petyrek (1892-1951), deu-se segundo a concepção cultural compreendida sob o termo Espírito de Mozart. O conceito de Festival (Festspiel) há muito vinha exercendo particular fascínio em determinados círculos artísticos e intelectuais do mundo de língua alemã. Entendido na plenitude do termo, o conceito despertava associações com o drama grego no seu contexto cultual originário e com os mistérios medievais: em outras palavras, tratava-se da interação de culto e cultura fora da ação litúrgica. Já há muito vinha-se pensando na construção de uma Casa de Festivais para Mozart, em Salzburg. Após a I Grande Guerra, o plano de retomada da longa série das Festas de Mozart vinculou-se com o conceito de Festival, no qual a própria paisagem e a cidade se integrariam numa ação artística global.

 

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