Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova edição by ISMPS e.V.
Todos os direitos reservados


»»» impressum -------------- »»» índice geral -------------- »»» www.brasil-europa.eu

N° 12 (1991: 4)


 

HINOS CÍVICOS COMO DOCUMENTOS HISTÓRICO-MUSICAIS:
EXEMPLOS DO HINÁRIO PAULISTA

Antonio Alexandre Bispo

(Excertos)

 

Luiz Heitor Correa de Azevedo

De la petite musique qui vivra longtemps:
"La moisson de chants patriotiques avait été extrêmement abondante, pendant la période des luttes pour l'émancipation politique de l'Amérique latine. (...) Certains Etats se sont offert une musique officielle à une date relativement récent; d'autres possèdent des Hymnes sans histoire. (...) Musique et musiciens se sont mis au service de la cause de l'Indépendance. L'Amérique n'a pas vu fleurir, au premier quart du XIXe siècle, une très grande musique. Mais elle produisait ce dont avaient besoin ses soldats et ses patriotes: une musique simple, que la foule pouvait chanter, qui communiquait à cette foule l'impression de force obtenue par la participation commune au chant, qui illuminait ses incertitudes, avivait l'espoir, se fixait dans le coeur et finalement on venait à la trouver très belle, parce qu'on l'avait aimée."

Le Chant de la Liberté, Centre de recherches de l'Institut d'Études Hispaniques (Paris 1966), Luiz Heitor Correa de Azevedo: 80 Anos, coord. D.Martins Lamas/A.A.Bispo, Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Musicologia, 205

 

Joao Gomes Jr Joao Baptista Juliao Hinario Hinos patrióticos, cívicos, relacionados com entidades, datas e personalidades podem não ter especificamente grande interesse musicológico, constituem porém sempre documentos de particular significado para a história cultural de comunidades e instituições.

O mundo de língua portuguesa possui uma antiga tradição de hinos dedicados a soberanos e acontecimentos. Nas suas diversas regiões, sobretudo a partir de meados do século XIX, desenvolveu-se um vasto repertório laudatório causado pela difusão das bandas de música militares e civís. Esses documentos históricos são significativos para o estudo do processo secularizador da vida musical. Datas, pessoas, cidades, regiões, nações e entidades passaram a substituir, por assim dizer, as referências estabelecidas por práticas religiosas e pelas datas do calendário eclesiástico.

A formação de um repertório musical próprio relacionado conscientemente com determinadas cidades e regiões, no sentido de um cultivo de memória local, com conseqüências positivas para a preservação do patrimônio cultural e o desenvolvimento da reflexão e do estudo a respeito, pode, em muitos casos, ter início com hinos e obras correspondentes vinculadas com determinadas personalidades e instituições locais do passado e do presente. Compositores de hinos brasileiros

Faz-se necessário um levantamento amplo, organizado geográfica- e historicamente dos hinos cívicos das diversas regiões e cidades. O presente texto limitar-se-á a oferecer alguns exemplos do hinário cívico particularmente relacionado com São Paulo.

 

O Hinário da Revolução Constitucionalista

Publicou-se, em 1981, a terceira edição do livro de Euclydes Figueiredo, Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista de 1932 (São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura/Martins), com palavras iniciais do Deputado Cunha Bueno e de Guilherme Figueiredo, sócios especiais da Sociedade Brasileira de Musicologia. O Presidente da Sociedade "Veteranos de 32-M.M.D.C." abriu a obra com as seguintes palavras:

Cancoes Patrioticas"O Movimento Constitucionalista ultrapassou este meio século./ Ainda não é História. Vive na recordação dos veteranos que nela combateram e vive também (embora talvez não o compreendam) no sentimeno dos moços que ambicionam hoje viver em regime de liberdade. / Por isto a publicação do que foi escrito sobre a campanha heróica é sempre oportuna. Dá a exata medida do sacrifício de tantos companheiros. Ensina, aos que não viveram aquela época, as dimensões da vibração unânime dos brasileiros de São Paulo."

As "dimensões da vibração" da época podem ser particularmente bem avaliadas pela música. Como um dos episódios marcantes da história de São Paulo do século XX, a Revolução deixou à posteridade numerosos hinos. Nessa época caracterizada por fervor patriótico, o CEMA e muitas outras casas editôras publicaram não apenas o "Hino Nacional Brasileiro", de Francisco Manoel da Silva, em edição facilitada para canto e piano, e a "Canção do Soldado", em arranjo de F. Fonseca, como também composições patrióticas de J. de Souza Lima ("Gloria"), José Maria de Abreu ("Vencer ou Morrer"), Marcello Tupynambá ("Redempção", "O Passo do Soldado") e outras.

Devendo ser comemorado, em 1992, os 60 anos do evento, parece ser conveniente chamar a atenção, a tempo, para alguns exemplos desse repertório.

 

zum Index dieser Ausgabe (Nr. 12)/ao indice deste volume (n° 12)
zur Startseite / à página inicial