Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova edição by ISMPS e.V.
Todos os direitos reservados


»»» impressum -------------- »»» índice geral -------------- »»» www.brasil-europa.eu

N° 11 (1991: 3)


 

ORIGENS E SITUAÇÃO ATUAL DOS ESTUDOS DE TRADIÇÕES POPULARES DE ALAGOAS

Antonio Alexandre Bispo

(Excertos)

 

O livro Subsídios ao folk-lore brazileiro: Anedoctas sobre caboclos e portuguezes, contos e canções populares, etc. do alagoano Luiz Tenório Cavalcante de Albuquerque (pseudônimo: Júlio Campina), editado no Rio de Janeiro, em 1897, foi republicado em facsimile, em 1977, em comemoração ao 80° aniversário do aparecimento da primeira edição pelo Museu de Antropologia e Folclore da Universidade Federal de Alagoas.

Considerado como marco "inapagável da folclorografia alagoana", foi escolhido para abrir a série "Biblioteca Alagoana de Folclore". Em erudito Postfácio, Théo Brandão esclareceu a importância histórica dessa publicação:

"Quatro alagoanos merecem a glória de haver sido pioneiros do registro de fatos folclóricos de Alagoas, no decorrer do século passado (...) // Em 1872, (...) o alagoano Nicodemos de Souza Moreira Jobim, (...) estampava no jornal maceioense O Liberal, de 1° de fevereiro de 1872, (...) o mais antigo trabalho, que se conhece, a respeito de tema folclórico, escrito por alagoano: Lenda anadiense e tradição histórica. Nossa Senhora da Piedade da vila de Anadia (...). // Do ano de 1881 é a notícia de outro pioneiro dos estudos folclóricos alagoanos. Nesse ano, a 22 de abril, Pedro Paulino da Fonseca, alagoano radicado na antiga Corte, estampava na seção Variedades, do Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, o artigo "A cruz das almas: lenda alagoana, (...) // (...) em 1885, surgiu mais outro pioneiro: Francisco de Paula Leite e Oiticica, que (...) publicou uma série de artigos no jornal maceioense Orbe, (...) dos quais apenas temos conhecimento de dois: O rosário da alma do outro mundo (...) e Calunga: Orbe, Maceió, 3 e 4 jul. 1885, (...) // Por fim, em 1889 surgiu uma outra antiga lenda alagoana que, sob o título São Gonçalo de Amarante de Maceió, foi inserida na seção Literatura do periódico maceioense O Magistério (...). // Mas cabe a Júlio Campina (...) a glória de haver sido o primeiro alagoano, e um dos primeiros brasileiros, a publicar uma obra sobre o folclore de seu país (...) //foi o primeiro a usar no título de uma obra a palavra folk-lore."

No capítulo dedicado aos "Cantos Populares" (só textos), a obra inclui um "ABC do vaqueiro" (Pernambuco), um "ABC do inverno nas mattas" (Pernambuco), e o texto de "Fuja, povo do sertão", a propósito da sêca de 1877.

De interesse musicológico são alguns dados do capítulo "Descripção: A doação (Alagoas e Pernambuco)", no qual se descreve usos relativos a noivados e suas práticas musicais, especialmente aos "cantos de derrubada da roça". Essa publicação deveria ser apenas a primeira de uma série na qual Júlio Campina pretendia apresentar os seus trabalhos de pesquisa ao público. Já possuia, segundo suas palavras, uma coleção "de um consideravel numero de canções". O autor situa-se a si próprio conscientemente na linha de estudos do Folclore no Brasil:

"Neste campo immenso, onde têm exercitado a sua actividade abalisados mestres, como Couto de Magalhães, que iniciou o Folk-lore brazileiro em 1859, Celso de Magalhães, que publicou uma obra desse genero em 1863, Sylvio Romero, Macedo Soares, José de Alencar, Araripe Junior, José Verissimo, Koseritz, etc., muito existe ainda que investigar."

(...)

 

zum Index dieser Ausgabe (Nr. 11)/ao indice deste volume (n° 11)
zur Startseite / à página inicial