Antonio Alexandre Bispo

(Excerto)

Durante a sessão solene comemorativa do Sesquicentenário da Emancipação Política de Alagoas (16 de setembro de 1817 - 16 de setembro de 1967), realizada no salão nobre da Associação Comercial de Maceió, no Palácio do Comércio, no dia 6 de setembro de 1967, foi lançado o livro Anais de um Centenário (Maceió, 1967). Esse livro reúne os principais acontecimentos do Primeiro Centenário de Fundação dessa associação, festejado a 7 de setembro de 1966. Nessa data, celebrou-se missa em ação de graças na Catedral Metropolitana de Maceió, que contou com a participação do Coral Villa-Lobos do Conservatório de Música de Alagoas e da Banda de Música Infantil do Grupo Escolar "Marechal Deodoro". A publicação inclui um capítulo de título "Músicas-Escolas-Bandeiras" (pp. 25-26). Executou-se o "Hino do Centenário da Associação Comercial de Maceió, com música de José Ramos de Oliveira (12 de agosto de 1966) e letra de Lima Júnior, além do dobrado "José Joaquim de Oliveira", fundador da Associação Comercial de Maceió, também de autoria de José Ramos de Oliveira.

O significativo papel que a classe comercial sempre desempenhou no desenvolvimento social e cultuiral de Alagoas está exigindo um particular estudo histórico-musical. Como foi já citado, o início da história da banda de música em Penedo foi marcado pelas atividades empreendedoras de um músico português nos anos sessenta do século XIX.

O número 9 desta publicação trouxe comentários a respeito do livro de Guiomar Alcides de Castro, Professor João Ulysses Moreira (1984), que trata do ambiente musical de São Miguel dos Campos (Freguesia já antes de 1754). A autora, especialista na crônica de sua cidade natal, cita a contribuição de comerciantes galegos e portugueses para as bandas da região.

		Escola S. Bernardo mantida pela Companhia Fiação e Tecidos, São Miguel

O desenvolvimento mais recente da música nessa cidade alagoana denota forte influência de Maceió. De tradicional família de músicos do povoado de Sebastião Ferreira, filho do maestro e compositor José Moreira Pimentel Filho, que por sua vez estudara com o próprio pai, é Bráulio Moreira Pimentel o fundador da Banda José Plech Fernando de São Miguel dos Campos e autor afamado de música e letras de frevos ("Deixa pra mim", "Nova orquestra", "Pode pedir bis", "A copa 70", etc.). A partir de 1970, Bráulio M. Pimentel passou a escrever música de banda "sem ser de brincadeira" (dobrados "Júlio Soriano Bonfim", "Eliseu Marques de Lima", "Geraldo Sá", etc.).

Assim como o Pe. Jaime C. Diniz estudou a história da música para piano em Pernambuco (História do Piano em Pernambuco: Notas sobre o piano e seus compositores em Pernambuco, Recife, 1960), Moacir Medeiros de Sant'Ana o fêz para Alagoas ("Apontamentos sobre o piano em Alagoas", Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas XXXVIII, 1982-83, 85-87). Cita o autor o jornalista Antônio Alves, em trabalho de 1896, que afirma ter sido Alagoas (hoje Marechal Deodoro) a cidade que possuiu o primeiro piano da Província, já provavelmente na década de 1830. Para ensinar as filhas do seu proprietário, Manoel do Nascimento Pontes, foi contratado um professor de Pernambuco. Dos primeiros professores de piano, o autor cita André Alves da Fonseca Júnior, Theodore Brusch e Francisco Santini. Em 1857, o comércio de Maceió já oferecia cordas importadas para piano; vendedor de artigos musicais na Rua do Comércio daquela cidade era o português José Gonçalves Guimarães. Entre as peças musicais por ele vendidas cita-se uma de título "Vasco da Gama". Nessa época já existia em Maceió uma publicação especializada, o Recreio das Jovens Pianistas, editado por Baldeino dos Santos e Oliveira, que já incluia peças de compositores alagoanos. Em 1869, Domingos Moeda comprou o piano que serviria à formação musical de sua filha, a pianista e compositora Maria Moeda Bitencourt. Isaac Newton de Barros Leito chegou a construir, em 1907, um piano fabricado com madeiras nativas.

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