Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 10 (1991: 2)


 

Barao de Penedo

 Regionais, Nacionais e Universais

Projeto Alagoas II

Viagens de contactos e pesquisas do ISMPS:
Penedo, Nilópolis,Propriá, Porto do Colégio, Maceió, Marechal Deodoro, Santa Luzia, Maruim, Porto Calvo
pelos

20 anos da viagem de pesquisas ao Leste e Nordeste do Brasil (Nova Difusão Musical) - Descoberta do passado musical de Penedo

O BARÃO DE PENED0 (1815-1906)

E A MÚSICA DO BRASIL NA EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE PARIS (1867)

 

Antonio Alexandre Bispo

(Excerto)

 

Penedo experimentou, na segunda metade do século XIX, uma fase de particular brilhantismo na sua vida social e cultural. O seu povo era considerado "intelligente, de imaginação elevada, muito amante e cultivador da musica, apezar de não haver estimulo para as bellas artes" (José Próspero J. da S. Caroatá). O desenvolvimento econômico local foi marcado pela abertura do porto aos navios mercantes de todas as nações (Decreto imperial 3749 de 1866) e pelo estabelecimento da Alfândega de Penedo (Decreto 3920 de 1867).

A idéia da criaçção de uma "Província do Rio São Francisco" permaneceu viva por décadas. O principal vulto local dessa época, que se salientou nos empreendimentos econômicos e na ação política foi o Dr. Francisco Inácio de Carvalho Moreira (1815-1906), Barão do Penedo. Seu pai, o capitão João Moreira de Carvalho (+1830), que apoiou os seus estudos literários, era proveniente do Aveiro. Formado pela Faculdade de Direito de São Paulo (1839),o Dr. Francisco Inácio de Carvalho Moreira atuou no Rio de Janeiro e tornou-se importante representante da diplomacia imperial como enviado extraordinário e ministro plenipotenciário nos Estados Unidos (1852), posteriormente removido para a Inglaterra.

Na Grã-Bretanha, o Barão de Penedo foi honrado com o doutoramento de Oxford, o primeiro até então concedido a um cidadão do Novo Mundo. Nesse país, agiu como intermediário entre o compositor Emil Daniel Friedrich Viktor August Wilhelm (1845-1908) e D. Pedro II. Em 3 de outubro de 1885, comunicou ao Imperador que aquele compositor desejaria oferecer-lhe uma série de composições de sua autoria. Tendo o Imperador aceito a dedicatória, encaminha-lhe a coleção, pela qual Pedro II agradeceria (Dom Pedro II e a Cultura, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1977, doc. 1904, 1952).

Wilhelmj, nascido na região do Taunus, na Alemanha, era na época famoso violinista ("novo Paganini"), considerado como sendo o último representante da escola alemã de violino; era ardente admirador de Wagner. Na época do oferecimento de suas obras ao Imperador do Brasil, havia retornado recentemente de uma viagem pelo Oriente e preparava-se para dedicar-se ao ensino da música em Dresden-Blasewitz.

O Barão de Penedo, que, da Inglaterra, atendeu a pedido de auxílio da Filarmônica de sua cidade natal, distinguiu-se também diplomaticamente junto à Santa Sé (1873) na "Questão Religiosa". Salientou-se sobretudo como presidente da Comissão Brasileira na Exposição Universal de Paris, contribuindo com seus escritos para o realce do país, sendo condecorado pelos seus esforços com o título de Barão.

A música do Brasil desempenhou nessa exposição singular papel, pois o país estava representado por três instrumentos: uma clarineta, uma guitarra e uma marimba. Sobretudo a menção deste último instrumento como representativo do Brasil (hoje apenas encontrado na Congada de Ilha Bela) merece particular atenção. O organizador da representação do Brasil quis provavelmente demonstrar a utilização de madeiras nacionais na fabricação de instrumentos. Os comentários dessa representação do Brasil no livro da Exposição foram, porém ,pouco elogiosos:

"On se ferait une bien fausse idée de l‘état musical de ce vaste empire, si on le jugeait par l‘exposition de ses instruments à l‘Exposition de 1867. Une clarinette, - il est vrai qu‘elle est en bois de carnauba, - une guitare, de la même matière, et un instrument africain, la marimba. C‘est tout, et ce n‘est guère. // La vérité est qu‘on aime passionnément la musique au Brésil et qu‘on n‘y joue pas moins du piano que partout ailleurs, ce qui certes n‘est pas peu dire. en outre, il y a quatre théatres à Rio de Janeiro, dont un de grand opéra, plus un café chantant et jouant, où les Brésiliens se sont initiés aux progrès de la civilisation européenne portée sur l‘aile de la muse du célèbre Offenbach, (...). Enfin, la capitale de l‘empire jouit depuis quelque temps d‘un Conservatoire qui promet de render d‘excellents services."

(...)

 

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