Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
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N° 10 (1991: 2)


 

Azulejos de Penedo AL

Projeto Alagoas II

 

Viagens de contactos e pesquisas do ISMPS:
Penedo, Nilópolis,Propriá, Porto do Colégio, Maceió, Marechal Deodoro, Santa Luzia, Maruim, Porto Calvo
pelos

20 anos da viagem de pesquisas ao Leste e Nordeste do Brasil (Nova Difusão Musical) - Descoberta do passado musical de Penedo UM

DOCUMENTO DA MÚSICA SACRA DE PENEDO
ANNA PARENS

DE MANOEL NUNES DE BARROS LEITE

Azulejos com cenas da vida de Maria e Ana . Representativos da devoção mariana de Penedo (Foto A.A.Bispo, acervo ISMPS)

 

Antonio Alexandre Bispo

(Excertos)

 

Igreja N.Sra. das Correntes Penedo AL
Pormenor da Igreja N.Sra.das Correntes, Penedo (Foto A.A.Bispo-acervo ISMPS)
Como documento musical significativo da antiga tradição mariana de Penedo deve-se citar uma obra que traz a data da festa de Santa Ana, 26 de julho de 1857: "Anna Parens a 3" de Manoel Nunez de Barros Leite (partes: 2 violinos, 2 tiples, baixo, cello, trompas, piston em la e clarinete).

O sobrenome Barros Leite faz recordar grandes vultos da história eclesiástica e civil de Penedo: o padre Antonio Craveiro de Barros Leite (†1853), professor de latim no início do século XIX e um dos benfeitores da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, onde todos os sábados cantava a missa, ouvida por todos os seus alunos; o Pe. Luiz José de Barros Leite, um dos dois penedenses enviados como deputados à Côrte em Portugal (1821); seu pai, José Gregório da Cruz, capitão-mor das ordenanças na época da revolução de 1817, e, sobretudo, Manoel Joaquim Fernandes de Barros Leite (1802-1840), descendente por parte da mãe do fidalgo português Jorge de Barros Leite, que exerceu altos cargos em Sergipe.

Manoel de Barros Leite, desde 1822 em França, doutorou-se em medicina em Strassburg (1829) e em ciências físicas em Paris, onde bacharelou-se também em letras. Após viajar por vários países da Europa, demorou-se em Maceió e casou-se em Sergipe, onde teve um filho. O seu primo, Antonio Luiz Dantas de Barros Leite, foi senador por Alagoas.

O número 9 deste caderno considerou a obra lexicográfica de Isaac Newton de Barros Leite (1851-1907).

Apesar da importância do sobrenome, não foi possível identificar o compositor da obra qui citada através de dados biográficos. Manoel Nunez é, porém, nome conhecido da historiografia local (E. Mero, op.cit.).

Manoel Nunes de Barros LeiteEssa composição, pelos seus traços estilísticos, "clássicos", parece indicar a existência de um conservadorismo no cultivo da música sacra em Penedo em meados do século XIX. A obra lembra peças do início do século XIX de outras regiões do Brasil, já estudadas no caso do Vale do Paraíba (São Paulo).

As incongruências nas partes que se movimentam paralelamente e mesmo os inúmeros "êrros" na condução das vozes parecem indicar que também aqui a composição musical seguia ainda a tradição da escrita direta nas partes, sem a confecção da partitura. Infelizmente, o mau estado de conservação das partes manuscritas utilizadas para a reconstrução provisória da peça, aqui oferecida com a simples finalidade de ilustração, exigiria uma cuidadosa revisão e reelaboração, no caso desta vir a ser executada. Optou-se pela apresentação literal das partes existentes. Trata-se, possivelmente, de obra pessoal ou de tradição particular luso-brasileira, fato a ser esclarecido em de estudo mais pormenorizado. (...)

Anna Parens de Penedo AL

 

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