Timbre Correspondencia Euro-Brasileira

Prof. Dr. A. A. Bispo, Dr. H. Hülskath (editores) e curadoria científica
© 1989 by ISMPS e.V. © Internet-edição 1999 by ISMPS e.V. © 2006 nova edição by ISMPS e.V.
Todos os direitos reservados


»»» impressum -------------- »»» índice geral -------------- »»» www.brasil-europa.eu

N° 10 (1991: 2)


 

Derdinand Denys Geschichte und Beschreibung

Projeto Alagoas II

 

Viagens de contactos e pesquisas do ISMPS:
Penedo, Nilópolis,Propriá, Porto do Colégio, Maceió, Marechal Deodoro, Santa Luzia, Maruim, Porto Calvo
pelos

20 anos da viagem de pesquisas ao Leste e Nordeste do Brasil (Nova Difusão Musical) - Descoberta do passado musical de Penedo

DA PESQUISA HISTÓRICO-MUSICAL NO BAIXO SÃO FRANCISCO

Ferdinand Denys, Geschichte und Beschreibung von Brasilien und Guyana (Aus dem franz.), Stuttgart, 1839,247

 

Antonio Alexandre Bispo

(Excerto)

 

Rio Sao Francisco
São Francisco. ProjetoSão Francisco, ISMPS (Foto A.A.Bispo, Acervo ISMPS/IBM)
Medeiros Neto Historia do Sao Francisco"Rio da Unidade - É o São Francisco um traço de união impresso nas dobras geológicas do Brasil central. Empolga o papel dessa corrente que estreita, com os vinculos definitivos duma política natural, os extremos do torax da Pátria. A história desse rio é a história dos destinos da Nação. No passado, foi o caminho aberto que traçou a união nacional (...). Nas suas margens, no seu vale, mourejavam paulistas que desciam das planícies; nas suas águas, nas suas correntes, passavam filhos do norte que subiam para o planalto. (...)
Rio da Raça - É o cadinho por onde transaram, na demanda da sua integração, os fatores complexos da raça. Convergência de todas as expressões humanas da terra, constituiu-se o São Francisco o embazamento demográfico do Brasil. (...)
Rio da História. Muito se tem escrito sobre o São Francisco, motivo de exploração. Nada se escreveu com a intenção de dar uma história a este rio."

Com as palavras acima citadas, Luiz Medeiros Neto abre o seu livro, já clássico, História do São Francisco, redigido como tese para o concurso da cadeira de História do Brasil do antigo Instituto de Educação, em 1941, e reeditado pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Alagoas, em 1983. O autor, membro da Academia Alagoana de Letras e da Associação Alagoana de Imprensa, professor de História do Brasil no Ginásio de Marília (São Paulo), trata do "Conceito medieval e remoto sobre as terras do Atlântico", do "Conceito moderno e clássico sobre as terras do Atlântico", assim como dos aspectos históricos, civilizadores, religiosos, políticos, de povoação, hidrológicos, econômicos, sociais e de ordem moral do São Francisco.

Salienta que o "Opara" dos indígenas já aparece no planisfério de D. Alberto Cantino (1502) e que teria sido batizado de São Francisco, segundo Eliseu Reclus, em 1501. A consideração do Rio São Francisco vincula-se, portanto, com o estudo dos primeiros anos da história do recém-descoberto Brasil, cumprindo efetuá-la dentro do adequado contexto amplo do mundo português dos primeiros anos do reinado de D. Manoel. Este abrangia os Açores e a Madeira, já em pleno desenvolvimento econômico, mantinha há anos a fortaleza de São Jorge da Mina, procurava colonizar São Tomé e fortalecer os laços com o reino do Congo. Embora a Índia já tivesse sido alcançada e passasse a concentrar as atenções, a história do São Francisco deve ser incluída sobretudo no contexto das relações de Portugal com a esfera atlântica, que incluía então regiões da África que posteriormente não mais pertenceriam prioritariamente ao mundo de domínio luso, seja o Senegal ou o Benim. Trata-se, portanto de uma época marcada pela perseguição dos judeus e cristãos-novos e pelo alastramento do comércio por eles realizado na região atlântica, sobretudo com o apoio de seus irmãos e aliados franceses.

An den Grenzen der Provinz Seregipe und auf dem Wege in die Landschaft Alagoas begegnet man der Mündung des Rio San Franzisco, eines der prachtvollsten und glücklichst gelegenen Flüsse dieses Theils von Südamerika. In der That würde ohne den Rio San Franzisco (...) der nördliche Theil der Provinz Bahia von dem Innern abgeschnittgen seyn. Zwei reiche Küstendistrikte können nun, Dank diesem schönen Flusse und seinen Zuflüssen, die Schätze des Mittelpunktes empfangen.

Ferdinand Denys, Geschichte und Beschreibung von Brasilien und Guyana (Aus dem franz.), Stuttgart, 1839,247

O significado da presença francesa em Alagoas já foi objeto de detalhado estudo (Werther Villela Brandão, "Os Franceses em Alagoas no século XVI", Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas XXXIV, 1978, 17-64). Cortando região outrora rica em pau-brasil, o São Francisco liga-se sobretudo à história de sua extração e de seu tráfico. Seria a necessidade de impedir o domínio da região por círculos ligados a esse comércio da França e dos Países Baixos que teria exigido a discutida entrada da barra do São Francisco pelo primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho, fundador da cidade de Penedo, a primordial povoação do Baixo São Francisco, talvez em 1545 (cf. a respeito da data Abelardo Duarte, in Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas XXV, 1947).

A importância da região como limite do território de Sergipe d‘el Rei, a sua função de excepcional importância estratégica durante o domínio holandês, o papel desempenhado pelo rio São Francisco na história das entradas e bandeiras e do movimento missionário, a problemática da formação e do combate dos quilombos, a atenção dada à exploração e aos planos de aproveitamento do "Nilo" brasileiro nos projetos do Império, assim como a questão da formação populacional da região e o problema social dos "jagunços", todos esses aspectos reveladores do significado histórico-cultural do São Francisco indicam a necessidade de uma consideração da região também do ponto de vista musicológico.

 

 

zum Index dieser Ausgabe (Nr. 10)/ao indice deste volume (n° 10)
zur Startseite / à página inicial